Um levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo mostra que 65% dos dependentes de cigarro começaram a fumar antes dos 15 anos. Desses, 3% deram a primeira tragada antes dos 10 anos. Já uma recente pesquisa realizada no Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod) revelou que 37% dos jovens em tratamento por uso demasiado de álcool começaram a beber entre os 11 e 13 anos.
Esta não é a realidade apenas da maior capital brasileira, mas de muitas cidades que estão em situação de alerta quando o assunto são as drogas.
Em 2004 a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas fez um levantamento nas 27 capitais do país sobre o consumo de drogas entre estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino. Em Curitiba, foram entrevistados 1.823 estudantes e os resultados são alarmantes quando se vê que 47,8% dos entrevistados entre 10 e 12 anos já consumiram álcool pelo menos uma vez na vida. Entre os adolescentes de 13 e 15 anos, 29,5% já fumaram cigarro, 5,2% já fumaram maconha e 16,1% fizeram uso de solventes.
Mas o que fazer para diminuir estes índices, evitar ou pelo menos retardar ao máximo o contato dos adolescentes com o mundo das drogas, sejam elas lícitas (como o cigarro e o álcool) ou ilícitas (maconha, cocaína, crack, dentre outras)?
Segundo José Plínio de Amaral Almeida, técnico em dependência química, assistente social e terapeuta familiar, o uso de álcool, assim como o cigarro são na adolescência portas de entrada para outras drogas. Os jovens são movidos pela curiosidade e geralmente não ficam em uma droga só.
Para Almeida, o grande problema está na nossa cultura permissiva. “É muito comum que as crianças cresçam vendo os pais em casa bebendo, e isso se torna tão “normal” que todos os envolvidos esquecem das consequências. Os pais precisam entender que o álcool é uma droga e que mesmo sendo lícita é deteriorante.”
De acordo com a psicóloga Maria Cristina Venâncio, coordenadora do Cape/Denarc (Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação - Divisão Estadual de Narcóticos), “os pais são os principais responsáveis pela complexa tarefa de educar seus filhos, devendo privilegiar um diálogo franco, acompanhar o desenvolvimento escolar, orientar os filhos sobre os malefícios causados pelas drogas de forma direta e aberta, sem tabus.”
Segundo a coordenadora, ao suspeitar que o filho esteja envolvido com algum tipo de droga não adianta dramatizar a situação ou fazer de conta que nada está acontecendo. “Quanto mais rápida e assertiva for sua ação, maiores serão as chances de obter êxito frente à questão. Procure ajuda especializada: médicos psiquiatras e psicólogos, que poderão orientá-lo de como proceder diante da situação, considerando as especificidades de seu caso, afinal não existe uma ‘receita mágica’”, completa.
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