sábado, 19 de maio de 2012


INSÔNIA: OS MUITOS FRACASSOS NA SUA FARMACOTERAPIA

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"Não tenho medo do sono eterno, mas da insônia eterna!" Mário Quintana"Percebendo que um aluno dormia durante a aula, falei mais baixo!" M. Bandeira (crônicas)
Márcio amaral
Quem pode duvidar dos enormes avanços obtidos na farmacoterapia dos transtornos psiquiátricos em geral, desde que Delay e Deniker apresentaram seus primeiros estudos sobre os efeitos benéficos da clorpromazina nas esquizofrenias e agitações psicomotoras? Para quase todas as condições psiquiátricas, foi desenvolvida pelo menos uma substância que modificou sensívelmente sua sintomatologia e evolução, gerando prognósticos mais alentadores. Assim foi para com as depressões, os estados maníacos (mas também na sua profilaxia, junto aos paciente bipolares); os transtornos de ansiedade em geral e até mesmo para as esquizofrenias, nas quais, se não conseguimos impedir sua evolução para alguma deterioração, pelo menos retardamos bastante esse processo*.
Diga-se de passagem, a maior parte dos fracassos, nesses casos, não se deve à limitação do arsenal psicofarmacológico, mas ao fato dessas condições atingirem a "estrutura" (mente, mas também o cérebro, embora não necessariamente de maneira causal) onde, por definição, ocorrem os nossos julgamentos. Isso parece especialmente verdadeiro para os transtornos dos impulsos em geral e para alguns dos assim classificados transtornos da personalidade. Estou convencido de que muitos mais desses pacientes poderiam ser beneficiados, caso conseguissem fazer uso continuado de algumas das substâncias disponíveis.
Já em relação à insônia, essa disposição é exatamente contrária: todas as pessoas que dela sofrem gostariam de dispor de um medicamento efetivo, desde que não decorressem prejuízos pelo seu uso. Por que, então, as promessas de novas drogas para insônia, por mais de 100 anos, têm frustrado seus utilizadores e os profissionais envolvidos? Todos os medicamentos indutores do sono são: capazes de provocar tolerância, dependência e, em alguns casos síndrome de abstinência; todos interferem na arquitetura do sono e, apesar de muitos pesquisadores não verem nisso "um problema maior", estou convencido de que aquela sequência de ritmos EEGráficos, com suas durações razoavelmente padronizadas, não se fez meramente por capricho ou acaso na natureza. Há que respeitar essa "inteligência" que selecionou, por milhões de anos, tantos ciclos, ritmos e comportamentos. Todos os animais precisam dormir e seguir a sequência de padrões eletrofisiológicos. A situação mais dramática é a dos cetáceos que são obrigados a manter desperto um hemisfério, enquanto o outro adormece.
Por tudo isso, e sem querer fazer jogo de palavras, digo que o tratamento específico e farmacológico da insônia é uma espécie de "buraco negro" no qual me recuso a entrar. Melhor é discutir a higiene do sono e promover alguma educação de maneira, pelo menos, a evitar certos comportamentos que podem estar dificultando o adormecer e/ou a continuidade do sono. O uso de substâncias como os BDZ, Zolpiden e outras deve se limitar a curtos períodos, embora seja típico desses pacientes a insistência por mais e mais medicamentos. Toda a minha esperança, nesses casos, é a de que a insônia seja, como na maioria das vezes é, consequência de alguma outra condição, cujo tratamento resultará na sua solução.
Sem a esperança de resolver o problema e admitindo que a pergunta vai continuar no ar, vou fazer pelo menos mais algumas: existe alguma forma de insônia entre outros mamíferos e aves? E entre os indígenas vivendo nas suas condições originais, são verificadas insônias crônicas? Tenho a impressão de que não, e isso pode gerar algumas consequências. Por alguma razão, os seres humanos começaram a "brigar com a sono" e estou convencido de que qualquer "esforço" para dormir tende a resultar no seu oposto. Adormecer é uma consequência natural do estado de recolhimento e repouso. Deixando de lado condições extremas---como a muito mal denominada Insônia Familiar Fatal, e condições nas quais a insônia é mais uma manifestação da síndrome, com em algumas depressões---as insônias crônicas parecem se associar a um estranho medo de dormir que repousa em camadas não controladas pela consciência. Radicalizando: a insônia crônica decorreria, na quase totalidade dos casos, do medo da perda de controle que o adormecer implica; sobre o meio e sobre os próprios conteúdos da mente.
Recorramos a 3 metáforas aplicadas à conciliação do sono, criadas e aplicadas pelos povos. A primeira está na palavra grifada. Nosso povo teve a sabedoria (e o bom gosto) de associar o adormecer ao "parar de brigar" (conciliação). A segunda vem da Grécia, onde o adormecer foi associado ao entregar-se, ou cair, nos braços de Morfeu. Digam o que disserem, mas em qualquer língua, esse cair ou se entregar será sempre associado a "parar de brigar". A terceira, seria o método de indução do sono que nos foi sugerido desde a infância, mas que parece não funcionar muito: contar carneirinhos. O simples contar, em princípio, implicaria atrapalhar o processo, mas pode haver mais coisas ali. Os carneirinhos são os animais mais associados à submissão e ao não-conflito em geral. Eu traduziria assim: tente encontrar o carneirinho dentro de você e adormecerá. Além disso, todos sabem que, em uma situação de ódio, o que primeiro desaparece é o sono.
De minha parte, digo que não brigo---exceto durante consultas e dirigindo automóvel---com o sono, nem com a insônia. Se tenho dificuldades eventuais a respeito, penso que meu organismo está me comunicando alguma coisa: essa insônia há de ser produtiva; não para ficar forçando mais e mais o estado de alerta, mas para me entregar e aproveitar o estado de semi-vigília, onde há uma riqueza insuspeitada. Pelo menos dois dos pensadores que mais aprecio: Montaigne e Leibniz, tiravam grande proveito desse estado. O primeiro pedia que o acordassem na madrugada para melhor saborear esse estado e o segundo, ao adormecer, deixava todo o material para escrita à mão, de maneira a registrar as idéias que lhe ocorreriam.
Diante dessas palavras, é natural que muitos julguem não estar eu dando o valor e o peso que o problema merece na clínica. Se surgisse alguma substância segura e efetiva, eu seria um dos que a ela recorreriam (para os casos mais difíceis, é claro). Não trabalho mais com essa hipótese. Considerando que as drogas utilizadas, com uma frequência alarmante tornam-se, elas mesmas, o maior de todos os problemas, a pergunta que costumo fazer na clínica é: "Por que é tão insuportável ficar algumas horas sem adormecer durante a noite?".
*No terreno da intervenção farmacológica nas demências---embora não se as possa classificar entre os Transtornos Psiquiátricos propriamente ditos--- o que mais chama a atenção é o descompasso entre as expectativas levantadas a cada nova droga apresentada ao mercado, e sua efetividade, passados alguns anos. É bem provável que o afã por encontrar novas drogas implique atropelo. Há tanto conhecimento básico a ser reunido a respeito, antes que brotem substâncias efetivas. A nós, os clínicos, resta resistir às manipulações. Para isso, tenho um princípio: conduzo-me como quem dirige em uma estrada de terra. Como não posso estar na frente, pois não sou muito apressado, mantenho uma distância suficiente para que a poeira baixe, tentando fazer "como o velho marinheiro...".
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    ABEAD: AFIRMAÇÕES NÃO FUNDAMENTADAS E CONCLUSÕES PRECIPITADAS

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Márcio Amaral, vice-diretor IPUB-UFRJ, Prof. Adjunto UFRJ e UFF
Dentre as atitudes esperadas entre as pessoas ligadas à ciência--até porque se tornam como que "cacoetes"--estão o evitar tirar conclusões precipitadas (especialmente de relações de causa e efeito) e o esforço de bem fundamentar suas teses e hipóteses. Sem elas, como vamos nos diferenciar de pregadores religiosos e de políticos? Não as encontramos nas afirmações do presidente da Ass. Bras. de Estudo do Álcool e Drogas (no programa "Roda Viva"-22/8/11-e em seus artigos). É o que vamos tentar demonstrar.
1-"As mães não têm nada a ver com o problema do uso de drogas. A solução está no exercício do papel de pai!".
Acredite se quiser! Apesar de se intitular psicanalista, ele decidiu diminuir o papel das mães. Pensam que isso foi para protegê-las? Para muitas, que tanto sofrem com sentimento de culpa e impotência, essas palavras devem soar como um bálsamo ou uma anestesia. Para nós soa: "Isso é um assunto para homens!". É o que discutiremos mais abaixo.
2-"Os jovens, até os 21 anos, não têm 'cérebro' para decidir quanto à ingesta ou não de álcool."
Há arrogância no achar que nossas afirmações impôem-se por si mesmas, desobrigando-nos da fundamentação. Os legisladores não têm como escapar de alguma arbitrariedade na fixação de idades para a cobrança de responsabilidades, assim como, entre nós, os elaboradores de critérios para seleção de pacientes em pesquisas. Dos clínicos e pesquisadores, porém, é esperada atitude bem diferente. Além disso, um grande número de jovens sofre de um excesso de inibição (ou de "cérebro"). Tantos são aqueles com perfil "Harm Avoidant" (os que evitam riscos de sofrimento, em geral)! Não foram muitas as vezes que os jovens ocuparam a "Praça Tahrir". Ficamos imaginando, aliás, o ex-ditador egípcio a eles se dirigindo: "Vão para casa! Vocês não têm 'cérebro' para estar aqui; não têm condições de freiar os seus impulsos". Para muitos casos, complementaríamos: "Ainda bem!". Não foi por acaso que o pres. da ABEAD, fez um chamamento ao "Paisão-Estado"¹ e que um dos maiores divulgadores dos trabalhos daquela Associação é um grupo religioso denominado "GUIEME".
AS PRECIPITADAS RELAÇÕES DE CAUSA E EFEITO
1- Da constatação de que os usuários crônicos de maconha apresentam um pior desempenho em testes psicológicos (comparados aos não usuários na mesma faixa etária) concluíram ser a maconha a causa específica dessa deficiência. Não levaram em conta a variável relacionada ao tipo de personalidade prévia. Apesar de a primeira hipótese ser bastante razoável, é fácil constatar haver um tipo preferencial de traços de personalidade (com hipobulia marcante) associado à elevação do risco de se tornar usuário crônico. É de bom tom, entre cientistas e em pesquisas, tentar controlar todas as variáveis. Quando impossível, deve-se fazer a ressalva e relativizar as conclusões.
2- Da observação de que o início mais precoce do consumo de álcool se associa a um maior risco para abuso futuro, como que reificaram o dado e fizeram do "adiamento do primeiro gole" seu esforço principal. Vimos uma família sueca, que sempre desfrutou do vinho sem maiores problemas---daquelas que guardam centenas de rolhas em um belo vaso transparente---depois de ser bombardeada com esse discurso, traçar estratégias um tanto tolas para adiar o "primeiro gole" dos filhos. Eles já o tinham tomado havia muito tempo. Como é perigoso esse estímulo à hipocrisia!
3- Da observação (um tanto óbvia) de que o álcool teria sido a primeira droga utilizada em usuários de todas as outras, concluíram que o adiamento ou impedimento do uso inicial do álcool, teria grandes repercussões no uso de outras drogas, como se o álcool fosse uma "entrada de zipper" ou a ventosa de uma "larva": se cortada, a "fixação" das outras substâncias não aconteceria. As advertências para os perigos do uso precoce de álcool são boas e necessárias. Relações simplistas, porém, devem ser evitadas.
Em linguagem que mais se parecia com a de fundamentalistas religiosos, chamou de FILICÍDIO a promoção de festas familiares (de 15 anos) nas quais os jovens provam algum álcool. . Aliás, muitos desses, que se dizem cristãos, esquecem-se de que o primeiro milagre de Cristo teria sido a transformação de água em vinho em uma festa de casamento. Além disso, em um dos momentos mais importantes do culto cristão (a comunhão) é também servido o vinho a todos os que acorrem ao altar.
Onde estão, por falar nisso, os velhos e bons trabalhos das décadas de 1960/70, demonstrando ser a HIPOCRISIA, nas sociedades e nas famílias, o principal fator para o surgimento, mais ou menos tardio, do abuso e dependência do álcool? Por que ninguém mais fala das baixas taxas de abuso entre os judeus e sua associação com o uso ritual inicial nas famílias? E os trabalhos demonstrando ser o problema do alcoolismo muito menor entre os italianos do que entre os franceses, onde há um culto sutil e refinado à hipocrisia? Os mamíferos são, antes de tudo, imitadores. Há muita hipocrisia em beber, saborear, "glamourizar" e, ao mesmo tempo, falar mal do álcool, em geral e para os filhos. A lei deve ser cumprida, mas há uma tolice indisfarçável em dizer a nossos filhos: "A partir de hoje, você pode provar do álcool". Os jovens continuarão a procurar por ele, fora da família.
Antes de ditar regras, há que tentar entender as razões que levam as pessoas ao uso de substâncias. Há que ter até algum respeito para com essas substâncias, usadas desde os primórdios da humanidade em rituais solenes e sagrados: o tabaco (no cachimbo da paz), o vinho (nas festas de Dionísio e cristães), o ópio, as folhas de coca e assim por diante. O grande problema foi, mais uma vez, a avidez pelo lucro: a fabricação massiva e o estímulo ao uso banal e diário. Qual a importância dessa observação? Quem sabe se, no estímulo ao retorno ao uso somente em situações especiais e de congraçamento---isso sim, seria uma verdadeira educação---esteja a chave para evitar abusos. C. Baudelaire, com seu típico lirismo, louvou o quanto o vinho ajudava os mineiros, e outros trabalhadores, a se reencontrarem com sua própria alma, deixada no fundo das minas ou na mecanização do trabalho, a partir da revolução industrial e daquela mesma avidez pelo lucro:
"Pois sinto uma alegria imensa quando desço/Pela goela de quem ao trabalho se entrega/...Hei de acender-te o olhar à esposa embevecida/A teu filho farei voltar as forças e as cores..." ("A Alma do Vinho")
Antes de terminar, voltemos à exclusão das mães na determinação do abuso e abordagem do uso de substâncias. A mensagem é clara: nada de carinho ou aconchego; apenas autoridade e dureza. Quem disse que as mulheres são incapazes de autoridade e até de alguma dureza? Há nisso um discurso machista indisfarçável. Não por acaso, esses grupos têm atacado a grande revolução cultural dos anos 1960/70. Foi essa geração, um tanto "maldita"¹ (dos que eram jovens na época), que promoveu talvez a maior libertação das mulheres, elemento essencial em qualquer revolução cultural e de costumes. Não nos enganemos, sob esse discurso, que faz apologia do "Paisão-Estado" e do papel do pai, há um esforço de fazer das mulheres apenas novas "rainhas do lar"². Fazendo algumas contas, vemos que o pres. da ABEAD era um jovem nos anos 1970. Houve mesmo muitos que ficaram à margem daqueles grandes acontecimentos.
"O sonho acabou/ Quem não dormiu no sleeping bag nem sequer sonhou/...Foi pesado o sono prá quem não sonhou" (G. Gil, "O Sonho Acabou")¹Chamada, hoje, por sociólogos conservadores, de geração "X", numa alusão a "geração problema". Resta saber: problema para quem? Certamente para aqueles que tentam transformar as sociedades em "rebanhos de ovelhas consumistas".
²Há aqui mais uma alienação. Não sabem que o número de famílias chefiadas por mulheres é, não só enorme, como crescente? Se condicionam o sucesso a esse fator, estão, por antecipação, prevendo o fracasso inevitável. A não ser que o "Paisão Estado" faça todo o papel.
Márcio Amaral, vice-diretor IPUB-UFRJ, Prof. Adjunto UFRJ e UFF
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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

    Notícia

  • “Oxi”: Uma nova droga? Saiba mais... (16/08/2011)

  • 1 – INTRODUÇÃO
    Informações recentes de várias fontes sugerem que uma nova droga ilícita, chamada de “oxi”, estaria se espalhando por todo o Brasil. Ela seria utilizada na forma fumada e seria muito similar à cocaína na forma de crack: pequenas pedras de amareladas a marrom-claro. Como foi divulgado pela mídia, a cocaína na forma de “oxi” seria diferente do crack por este conter sais carbonato ou bicarbonato, enquanto o “oxi” teria cal (óxido de cálcio) e querosene (ou gasolina) em sua formulação.

    Este trabalho apresenta um estudo comparativo entre amostras apreendidas em condições de consumo (drogas de rua) pela Polícia Civil do Estado do Acre (PC/AC) e amostras apreendidas em condições de tráfico internacional ou interestadual pela Polícia Federal no Acre (PF/AC).


    2 – MATERIAIS
    Foram analisadas neste estudo 20 amostras de “oxi” da PC/AC e 23 amostras de cocaína da PF/AC. As amostras se apresentavam como pedras e grumos, com coloração variada (branca, amarelada ou marrom-claro).


    3 – MÉTODOS
    A análise de perfil químico das amostras foi conduzida pelo PCF Ronaldo (SETEC/SR/DPF/AC) no Serviço de Laboratório do Instituto Nacional de Criminalística da PF, em Brasília, com a colaboração da equipe do programa de Perfil Químico das Drogas da PF (Projeto PeQui).

    Foram utilizadas diversas técnicas para análise dos materiais, dentre elas destaca-se a espectroscopia na região do infravermelho (ATR-FTIR), análise termogravimétrica (TGA) e análises por cromatografia gasosa (GC), acoplando-se detectores de ionização de chamas (FID) ou espectrômetro de massas (MS) e injetores para soluções (ATS) ou de fase vapor (headspace-HS). Análises elementares qualitativas também foram conduzidas segundo procedimentos clássicos de via úmida (determinação de cátions, ânions, açúcares).

    Foram quantificados por GC-FID a cocaína, cis e trans-cinamoilcocaína (valores expressos como base) e fármacos adulterantes (benzocaína, fenacetina, cafeína, lidocaína, levamisol, hidroxizina e diltiazem), utilizando-se as metodologias do Projeto PeQui.

    A classificação dos níveis de oxidação (refino) da amostra foi realizada através da aplicação dos critérios do DEA/EUA: amostras contendo menos que 2% de cinamoilcocaínas relativas ao teor de cocaína foram classificadas como “altamente oxidadas”; amostras com teores de 2-6% foram classificadas como “moderadamente oxidadas” e amostras com teores maiores que 6% foram classificadas como “não oxidadas”.


    4 - RESULTADOS
    As 23 amostras da PF/AC, todas contendo cocaína na forma de base livre, exibiram teores de cocaína na faixa de 50-85% (média de 73%), sendo compostas predominantemente de cocaína “não oxidada”, isto é, na forma de pasta base de coca. As demais amostras foram refinadas (“moderadamente oxidadas” ou “altamente oxidadas”) e se encontravam na forma de cocaína base.

    Para as 20 amostras de “oxi”, vindas das apreensões da PC/AC, foram observados teores de cocaína na faixa de 29-85% (média de 65%). Dentre elas, 04 amostras apresentavam menores teores de cocaína (29-47%) e quantidades significativas de carbonatos, sendo típicos exemplos da cocaína na forma crack.

    Outras 06 amostras se apresentavam na forma de cocaína sal cloridrato (57-85% de cocaína nestas amostras), que não são normalmente utilizadas na forma fumada e que, portanto, não foram consideradas como possíveis amostras de “oxi”.

    Os resultados obtidos por TGA, HS-GSMS e análises qualitativas revelam que não há quantidades significativas de cal (óxido de cálcio) e de hidrocarbonetos (como querosene ou gasolina) nas amostras de “oxi” apreendidas pela PC/AC. Isto é, os resultados deste estudo não confirmam a informação que tem sido vinculada na mídia que quantidades significativas destas substâncias teriam sido utilizadas na formulação da cocaína “oxi”.

    Dentre as 10 amostras restantes de “oxi”, 07 eram compostas de cocaína “não oxidada” e, portanto, classificadas como pasta base de coca (55-85% de cocaína nestas amostras) e as últimas 03 amostras eram compostas de cocaína que passou por algum refino oxidativo e, portanto, classificadas como cocaína base (43-73% de cocaína nestas amostras).

    O único fármaco adulterante encontrado nas amostras de “oxi” analisadas foi a fenacetina, encontrada entre 0,4-10% em 05 amostras da PF/AC e entre 0,4-22% em 07 amostras da PC/AC.

    As tabelas e gráficos em anexo apresentam os resultados obtidos mais detalhadamente.

    5 - CONCLUSÕES
    A análise de perfil químico das amostras de “oxi” apreendidas no estado do Acre indicam que não existe uma “nova droga” no mercado ilícito.
    O que se observa são diferentes formas de apresentação típicas da cocaína (sal, crack, pasta base, cocaína base) sendo arbitrariamente classificadas como “oxi”, sem que sejam utilizados para este processo critérios objetivos e técnicos.

    As amostras de “oxi” analisadas neste estudo não podem também ser classificadas como uma “nova forma de apresentação da cocaína”, uma vez que os componentes majoritários/minoritários e adulterantes encontrados são os mesmos encontrados nas formas de apresentação usualmente apreendidas para esta droga.

    O trabalho também mostra que, além do crack e da cocaína sal (tradicionais formas de apresentação comercializadas na rua), os usuários estão consumindo diretamente pasta base (sem refino) e cocaína base (refinada) com elevados teores da droga (acima de 60% de cocaína), o que pode contribuir para gerar pronunciados efeitos estimulantes e psicotrópicos e aumentar a possibilidade de efeitos deletérios como overdose, por exemplo.


    6 - ANEXOS












    AUTORES
    Ronaldo Carneiro da Silva Junior*, Cezar Silvino Gomes
    SETEC/SR/DPF/AC

    Adriano O. Maldaner*, Jorge J. Zacca, Maurício L. Vieira, Élvio D. Botelho
    SEPLAB/INC/DITEC/DPF

  • Autor:
  • Fonte: Departamento de Polícia Federal


sábado, 18 de fevereiro de 2012

Eu quero parar!

Publicado em: 21/02/2011, às 15:31


Cerca de 80% dos fumantes desejam deixar o cigarro


O tabagismo é a maior causa de morte evitável no mundo. No Brasil, cerca de duzentas mil pessoas morrem por ano, vítimas do uso de tabaco. Atualmente, com a grande disponibilidade de informações, quase todo fumante sabe dos malefícios do tabaco e, de acordo com pesquisa recente, cerca de 80% desejam parar de fumar. Entretanto, os tabagistas têm muitas dúvidas em como iniciar este processo e manter-se longe do cigarro.

“A primeira etapa é identificar quais os momentos e situações que o cigarro entra como apoio, pensar em diferentes estratégias, traçar metas a curto e longo prazo e lembrar que a vontade de fumar vem e passa. É uma fissura que dura de 2 a 5 minutos”, explica Sabrina Presman, especialista em dependência química da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead).

O uso de tabaco envolve 3 tipos de dependências: física, psicológica e comportamental.

A dependência física está relacionada ao organismo do fumante, que se acostuma a receber certa dose de nicotina e, quando deixa de fumar, o corpo sente falta e precisa se adaptar à ausência dessa substância. “Este período de adaptação é denominado Síndrome de Abstinência e pode desencadear ansiedade, irritabilidade, inquietação, dificuldade de concentração, tristeza, dor de cabeça, tonteira e alterações no sono e ritmo intestinal”, explica a especialista.

Já a dependência psicológica está ligada a momentos em que o fumante atrela alguma emoção ou sentimento ao cigarro, que serve, muitas vezes, como um amortecedor para as emoções, sejam elas desagradáveis ou não. O fumante acaba utilizando o cigarro para lidar com estresse, solidão, para relaxar e até mesmo para comemorar.

No lado comportamental, o fumante estabelece uma rotina no uso do cigarro, associando o ato de fumar com algumas atividades e hábitos como, por exemplo, fumar e tomar um cafezinho, ou fumar após as refeições. Nesses casos, muitas vezes, o fumante acende o cigarro automaticamente, até mesmo sem notar.

“É preciso reformular os hábitos, conseguir novas formas de lidar com os sentimentos e ter consciência de que a fase de abstinência é um período de adaptação, mas que acaba. Vale lembrar também que são raros os casos em que as pessoas conseguem parar de forma radical. O ideal é que a cessação se dê de maneira gradual e com muita força de vontade, para não desanimar ou desistir em casos de recaídas”, resume Sabrina Presman.

Algumas dicas para deixar de fumar:

1 Engane a “fissura”

Vontade é uma coisa que dá e passa. Aquela vontade de fumar, que parece incontrolável, é a “fissura” e dura apenas de 2 a 5 minutos. Ocupe-se, mude seus afazeres, escove os dentes, chupe gelo, coma uma fruta, mantenha mãos e mente ocupada.

2 Controle a ansiedade e a irritação

Respire profundamente, faça algo diferente do que estava fazendo, pense em situações prazerosas.

3 Cigarro não é remédio para insônia

A ansiedade e a vontade de fumar numa noite de insônia podem ser contornadas com um copo de leite ou chá e com pensamentos relaxantes.

4 Não compense a falta do cigarro com comida

Faça refeições equilibradas, com alimentos de baixa caloria (frutas, legumes, verduras). Tenha sempre balas e gomas diet, cravo ou canela em pau para despistar a vontade.

5 Alivie o estresse

Se a resposta automática sempre foi o cigarro, busque outra forma de se acalmar; respire profundamente, pelo menos 10 vezes, caminhe ou ligue para algum amigo.

6 Evite o tédio

Fumar é a pior maneira de passar o tempo. Existem opções mais saudáveis: leia, faça exercícios, ouça música, medite, faça palavras cruzadas. Aproveite a oportunidade e busque novos passatempos.

7 Prepare-se para encontros sociais

Em bares e restaurantes, antecipe o que vai pedir, se distraia e, se possível, evite o álcool, que desperta o desejo de fumar. Sempre fique na área de não-fumantes.

8 Tenha canetas e papel perto do telefone

Distraia-se enquanto você fala. Rabisque, desenhe, vale tudo para não fumar.

9 Resista ao cafezinho

Este é outro hábito que te empurra para o cigarro. Se puder, evite-o nas primeiras semanas, ou beba com leite.

10 Levante-se logo da mesa após as refeições

Não dê tempo para a vontade de fumar bater. Levante logo da mesa e escove sempre os dentes após as refeições e Assim você não ficará com a impressão de que está faltando alguma coisa.

11 Dê recompensas a si mesmo

Guarde diariamente o dinheiro que você gastaria com o cigarro e, ao final de um período de tempo, compre um presente para você ou faça um programa diferente. Esse é sempre um bom incentivo.

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"Tchau, drogado, volta amanhã"
Até a presidente Dilma parece insatisfeita com o atendimento pífio que o Brasil dá aos dependentes de álcool e drogas. Por que insistir no fracasso?

CRISTIANE SEGATTO

Afirmar isso ou aquilo sobre o comportamento e a personalidade da presidente Dilma é arriscado. Até os iniciados no mundo da política (o que não é, absolutamente, o meu caso) sofrem para detectar quais são os traços autênticos de Dilma. Dizem que ela é austera. Dizem que tem pavio curto. Dizem que não economiza nas broncas.

Uma amostra das descomposturas que a presidente estaria passando nos ministros e nos colaboradores foi relatada pela jornalista Vera Magalhães na interessante reportagem publicada no domingo (13/11) pelo jornal Folha de S. Paulo. O que mais chamou minha atenção foi o seguinte trecho:

“A presidente comandava uma reunião com representantes de vários ministérios para discutir o lançamento de uma política de saúde para pessoas com deficiências. Quando um funcionário do Ministério da Saúde sugeriu uma sigla para identificar a nova política, Dilma cortou:
-- O quê? Você está me sugerindo mais uma sigla? Você sabe quantas siglas tem no Ministério da Saúde? – e se pôs a enumerar várias delas. Ao citar os CAPs-AD (Centros de Atenção Psicossocial Antidrogas), voltou-se para um ministro ao seu lado:
-- Você sabia que os CAPs-AD fecham às 18h? Você chega para o drogado e fala: “Drogado, são 18h. Tchau, drogado, volta amanhã!”

Finalmente alguém no governo federal parece ter percebido o absurdo que é a estrutura de atendimento aos dependentes de álcool e drogas no Brasil. Eles e suas famílias não são os únicos afetados. Toda a sociedade sofre. A política de saúde mental do Ministério da Saúde tem sérios problemas. O principal é estar baseada muito mais em ideologia e preconceito do que em medicina.

Se quem percebeu que o serviço está mal feito foi justamente quem manda na casa, a notícia é ótima. Pode ser um sinal de que as coisas finalmente podem começar a mudar. Para melhor.

Quem tem na família um dependente químico (de drogas ou álcool) ou um doente com depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno obsessivo-compulsivo e outros problemas psiquiátricos sabe que essa estrutura de atendimento baseada nos CAPS não dá conta do problema. Por mais bem intencionados que os defensores desse modelo sejam.

A história é antiga. No final dos anos 80 ganhou força no Brasil um movimento chamado de luta antimanicomial ou de reforma psiquiátrica. Pregava a extinção dos manicômios, nos quais os pacientes eram abandonados, maltratados e submetidos a situações degradantes.
Ninguém pretende que esses horríveis depósitos de gente renasçam no Brasil. Mas é preciso reconhecer que dependentes de álcool e drogas e doentes psiquiátricos em estado grave podem precisar de internação. Os doentes (independentemente de sua condição social) merecem uma internação em hospital adequado, com atendimento psiquiátrico eficaz e a dignidade que todo sofredor merece.

As famílias dos pacientes enfrentam hoje uma enorme dificuldade para internar quem precisa. O poeta Ferreira Gullar, que teve dois filhos esquizofrênicos, denunciou a situação numa reportagem que foi capa de ÉPOCA.

Desde 1989, cerca de 70% dos leitos psiquiátricos do país foram fechados. O Ministério da Saúde investiu nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Nesses locais, o paciente recebe medicação e acompanhamento semanal. A ideia é atendê-lo sem retirá-lo do convívio da família e da comunidade. Quando a situação do paciente complica, no entanto, os familiares não conseguem vaga num leito psiquiátrico em hospitais comuns.

Vários municípios discutem a internação compulsória de dependentes de crack, uma polêmica muito bem retratada pelos colegas Mariana Sanches, Matheus Paggi e Eduardo Zanelato nesta outra reportagem de capa. A pergunta que não quer calar é “internar onde?”

Em meio a uma verdadeira epidemia de crack, o Brasil dispõe de apenas 268 centros de atendimento de casos de álcool e drogas (CAPS-Ad). Eles funcionam apenas até as 18 horas. Só de segunda a sexta-feira.

O país inteiro tem apenas três (!!!) centros 24 horas, segundo o Ministério da Saúde. Um em Petrópolis (RJ) e dois em São Bernardo do Campo (SP). Pelo sistema de atendimento vigente no Brasil é preciso surtar em horário comercial. Não sei se a bronca de Dilma foi dirigida à pessoa certa, mas foi merecida.

O mais estranho nessa história toda é que o Ministério da Saúde parece não estar interessado em ouvir os psiquiatras. Procurei vários deles, a maioria especialista no tratamento de dependentes de álcool e drogas, para saber como receberam o comentário da presidente.

“A Dilma é muito inteligente. Se o problema chega até a presidente, ela consegue dar resolução”, afirma Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria. “O problema é que ela está muito mal assessorada na área de saúde mental. Nos colocamos à disposição do Ministério da Saúde para ajudar a repensar o sistema e não fomos ouvidos”, diz.

CAPS são úteis, mas não podem ser o único recurso disponível. Sozinhos, esses centros não têm competência para prestar assistência adequada aos doentes. Fechar leitos psiquiátricos e abrir mais CAPS não resolve o problema. Sem nenhum demérito às equipes multiprofissionais que trabalham neles, esses centros deveriam ser recursos complementares. Por que o governo insiste no erro?

“Por um infantil viés ideológico, quem defende o modelo atual acredita que as dependências químicas são uma construção social e os dependentes são vítimas da injustiça social”, diz Marco Antonio Bessa, presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatra.

Na prática, a atual orientação da política de saúde mental brasileira sataniza a psiquiatria. Parte do pressuposto de que todos os psiquiatras estão mancomunados com a indústria farmacêutica e nega os avanços que essa área da medicina trouxe para a compreensão e tratamento de tantos males e aflições.

É claro que existem maus profissionais na psiquiatra -- como em qualquer outra área do conhecimento e do mercado de trabalho. É claro que a indústria tem interesses comerciais e seduz os médicos, a imprensa e o público. É claro que há exagero no diagnóstico e na medicação de “doenças” que, muitas vezes, são apenas a expressão de comportamentos fora do padrão esperado pela sociedade. Tudo isso existe e é grave.

O problema é o radicalismo. Negar os benefícios que a psiquiatria trouxe nas últimas décadas é tão grave quanto medicar e internar quem não precisa.

Diante da crise aberta pela dependência de drogas, o governo e a sociedade precisam ouvir os psiquiatras – mesmo que seja para discordar deles.

“Às vezes fico pensando que em breve as internações em UTIs, os choques para ressuscitação e as radioterapias também serão vistos como ações arbitrárias e violentas dos médicos – esses lacaios do biopoder a serviço da opressão e da exploração da humanidade”, diz Bessa.

O professor Ronaldo Laranjeira, da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), acha que a presidente precisa se informar melhor. “Se ela soubesse da missa a metade, ficaria ainda mais preocupada”, diz. “Até hoje o Ministério da Saúde não tem uma política assistencial em relação ao tratamento do crack. Nem mesmo para o alcoolismo existe um mínimo de padronização do que se deveria fazer”.

Segundo Laranjeira, os CAPS-Ad são caros e ineficientes. Cada centro custa, em média, R$ 200 mil. “Nunca conheci um CAPS que faça mais de mil atendimentos por mês. Portanto, cada consulta custa ao redor de R$ 200. A adesão ao tratamento é muito baixa e a eficácia do tratamento é absurda”, afirma.

Não se tem notícia de que algum dia o Ministério da Saúde tenha realizado uma avaliação de custo-benefício nesses locais. “Se fizesse, 90% deles teriam de ser fechados”.

Há quem acredite que na gestão Dilma a política vigente sobre drogas finalmente começa a ser questionada. Essa é a opinião de Analice Gigliotti, vice-presidente da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro. “O comentário da presidente é absolutamente pertinente. Um dependente de drogas não escolhe a hora de querer se tratar. Não escolhe a hora de precisar de tratamento. Se pudesse escolher, não seria um dependente de drogas”.

Em vez de promover a abstinência de drogas, o objetivo dos CAPS-Ad é reduzir o consumo. É a ideia da redução de danos. “Isso é inadequado porque são muito poucos os dependentes que conseguem reduzir o uso. Eles voltam a usar drogas na mesma quantidade que usavam antes. Basta ver o que acontece com os fumantes que tentam reduzir a quantidade de cigarros. Não funciona”, diz Analice.

Durante três dias, tentei entrevistar um representante do Ministério da Saúde. Ninguém me atendeu. O governo sabe que a coisa vai mal. É bom saber que a presidenta também tomou consciência disso. Talvez esse seja o momento de reformar o que precisa ser reformado. Estou convencida de que não é a psiquiatria.


Fonte: Cristiane Segatto para a Revista Época


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Fumar não é inteligente

17/02/2012
Herson Capri: fumar não é inteligente
O ator curitibano Herson Capri, com seu talento, presença constante ao estrelar várias novelas da Globo, enfrentou na vida real um adversário muito difícil de superar: o câncer no pulmão.

O ator curitibano Herson Capri, com seu talento, presença constante ao estrelar várias novelas da Globo, enfrentou na vida real um adversário muito difícil de superar: o câncer no pulmão. E venceu.
Protagonista de uma famosa propaganda de cigarro nos anos 70, da marca Continental, hoje o ator afirma: Transformar o cigarro em questão de liberdade individual é uma excrescência, comenta na revista Trip.
E vai adiante na sua narrativa: o que me atraía era o ato de fumar. A fumaça é uma coisa esquisita, não é legal. Mas o gesto era transgressor, significava não ser normal, ser mais velho, imitar os galãs de cinema.
Fumar não é inteligente, assim como todos os vícios ligados a alguma droga. Você prejudica sua saúde, sua vida social. Produz menos, se concentra menos, enxerga menos, cheira menos, sente menos. Tudo menos. É sem sentido. É realmente feito para o lucro de uma indústria, disso não há dúvida.
Sobre o câncer no pulmão: apareceu exatamente no ano em que parei, mas só fui descobrir depois. Talvez por intuição. Acredito mais em intuição do que em premonição ou destino. Acho que posso colaborar expondo minha experiência. Só não vou pegar uma bandeira, porque respeito muito a liberdade individual. Detesto ex-fumante chato. Se perguntarem o que acho, eu respondo, mas só isso.
Fonte: Revista Trip