domingo, 31 de julho de 2011

31/07/2011 - 21:53
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Vá com calma

Um dos benefícios que recebo ao frequentar as reuniões do Nar-Anon é que vejo e faço coisas diferentemente do que fazia antigamente. O lema “Vá com calma” foi difícil para mim. Sempre acreditava que existiam apenas duas maneiras de se fazer as coisas: a certa e a errada. Também acreditava que a maneira mais fácil, geralmente não era a certa. Num esforço de fazer as coisas certas, como as via, muitas vezes complicava mais a situação já difícil, tentando forçar o que achava ser o melhor e assim me assegurando de que estava ajudando. Na verdade estava fazendo pouca coisa certa; estava apenas tornando minha vida mais complicada e confusa.

No Nar-Anon aprendi a não ser crítico com as nossas ações e com as dos outros. Não preciso rotular as coisas apenas como certas ou erradas. Hoje faço o melhor que posso, mas sem cobranças e recriminações pessoais de que não estou tentando o suficiente ou que as coisas não estão acontecendo rápido como deveriam. Aceito melhor as coisas mesmo quando não acontecem como planejei. A vida atira desafios suficientes em meu caminho, por isso não preciso procurar ou criar mais nenhum.
Encontro do Conselho de Enfermagem de Pernambuco

Foi conduzido com grande sucesso o Encontro do Conselho de Enfermagem de Pernambuco, em 21 e 22 de julho, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. A temática foi centralizada na atenção ao cuidador, em toda a gama de ações em assistência que o profissional de Enfermagem desenvolve.

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Doença política

Congresso na Holanda revela que as medidas antitabagismo adotadas por países europeus reduziram os casos de câncer de pulmão.

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Usuário de crack poderá ter internação imediata

O Projeto de Lei 440/11, em tramitação na Câmara, estabelece que o juiz, a seu critério, poderá obrigar o Poder Público a providenciar a imediata internação do usuário de crack para tratamento especializado.

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Empresas adotam fumo zero no trabalho no Espírito Santo

Siderúrgica conseguiu reduzir em 40% o número de atestados médicos. Hoje, apenas 5 funcionários entre 4,5 mil fumam.

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Um país desarmado contra o crack

Governo aplicou apenas 20% dos R$ 410 milhões previstos para o combate ao entorpecente.

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Em 2011, 21 mil pessoas se afastaram do emprego devido a uso de drogas

Um balanço do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) constatou que 21 mil trabalhadores em média precisaram se afastar do emprego no primeiro semestre de 2011 para tratar o vício no uso de entorpecentes.s

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Drogas: internação compulsória e educação

Fernando Capez
Mestre pela USP e doutor pela PUC-SP, procurador de Justiça licenciado, é deputado estadual de São Paulo pelo PSDB

A internação involuntária do dependente, uma importante ferramenta, é autorizada por lei; na rua, jamais se libertará da escravidão do seu vício. A violência assusta a todos nós. O sono interrompido por meliantes invadindo nosso lar. O semáforo que tarda a sinalizar a luz verde, submetendo-nos a intermináveis momentos de tensão ao nosso redor. Os filhos que saem de casa para se expor aos perigos urbanos, gerando em nós a angústia da espera.

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Intercambio das Psicoterapias - Como cada Abordagem Psicoterapêutica compreende os Transtornos Psiquiátricos

Roberta Payá

O livro refere-se a uma obra original, única e essencial para o profissional da área da Saúde Mental. Reúne sete escolas importantes da Psicologia: Psicanálise, Fenomenologia, Psicologia Analítica, Psicodrama, Psicologia Corporal, Terapia Familiar Sistêmica e Terapia Cognitivo-comportamental, propondo múltiplas conversas a partir de seus respectivos preceitos diante da complexidade dos transtornos psiquiátricos.

O Lançamento será realizado no dia 17 de agosto na Livraria da Vila/ Alameda Lorena - Alameda Lorena, 1731, bairro Jardim Paulista, São Paulo, SP.

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XXIX CBP – Rio de Janeiro – 2011

Estão abertas as inscrições para o XXIX CBP – Rio de Janeiro – 2011. De 2 a 5 de novembro de 2011, no Riocentro, Rio de Janeiro – RJ. Mais de 140 atividades científicas, Simpósio do Presidente, Conferências, Cursos, Mesas Redondas, Simpósios dos Departamentos da ABP, Encontro com o Especialista, Oficinas de Ensino, Casos Clínicos, Laudos Psiquiátricos, Vídeos, Pôsteres. Inscreva-se até 31 de julho e parcele em até 3 vezes no cartão de crédito Visa e Mastercard.

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Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS

O Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS – 2011 tem inscrições abertas até o dia 29 de julho. A 10ª edição do prêmio incluirá a nova categoria “Acesso ao SUS”, cuja premiação será de R$ 15 mil.

O objetivo da nova categoria é reconhecer trabalhos que apresentem avaliações e indicadores sobre o acesso, acolhimento e atendimento da população, visando à promoção da saúde e prevenção de doenças.

Nessa categoria podem concorrer artigos publicados em revista científica (versão impressa ou eletrônica) no período de 1º de janeiro de 2001 a 12 de junho de 2011, contendo avaliação sobre o acesso, acolhimento e atendimento da população, visando à promoção da saúde e prevenção de doenças.

Além disso, foram mantidas as outras categorias: tese de doutorado (com premiação no valor de R$ 15 mil); dissertação de mestrado (R$ 10 mil); trabalho científico publicado (R$ 10 mil); monografia de especialização ou residência (R$ 5 mil).

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Jovens e seus pais vivem drama da dependência química

Operação da prefeitura do Rio de Janeiro obriga crianças viciadas em crack a aceitar tratamento. Em Salvador, a droga é consumida no Pelourinho.

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Jovens consomem drogas ilegais no meio da rua

Em Salvador, jovens contam como se drogam a céu aberto nas ruas do Pelourinho.

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Problemas com drogas afastam 21 mil pessoas do trabalho no 1º semestre de 2011

O número é 22% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. O principal vilão é o álcool. O vício é uma questão de saúde pública que também afeta a produtividade das empresas.

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Pesquisa aponta que 80% dos adolescentes já tomaram bebida alcoólica

Segundo os dados levantados, os jovens têm começado a beber cada vez mais cedo. Cerca de 80% dos adolescentes já experimentaram álcool e 22% apresentam risco de dependência.

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As notícias veiculadas nesta seção foram publicadas por outros veículos de comunicação e compiladas pela Abead. Elas não refletem a opinião da entidade, que não se responsabiliza pelo conteúdo.

Estresse muda o efeito do álcool em cada pessoa

Se sua intenção for sair para encher a cara, preste atenção no seu nível de estresse, pois ele pode mudar o resultado final de uma noite de bebedeira. Segundo um novo estudo, o estresse pode determinar se o álcool lhe dará energia ou o deixará sonolento.

Excesso de álcool é mais prejudicial para as mulheres

Beber álcool em excesso, de uma só vez, pode danificar parte do cérebro que controla a memória e a percepção espacial dos adolescentes, revela um estudo publicado na revista “Alcoholism: Clinical and Experimental Research”.

Meninas que ingerem bebidas alcoólicas podem ter falta de memória

O álcool é um grande vilão da saúde e mais uma pesquisa enfatiza os prejuízos do consumo da bebida por parte dos adolescentes. Segundo pesquisas americanas, as meninas que ingerem grande quantidade de álcool de uma só vez podem danificar a parte do cérebro que controla a memória e a percepção espacial.

Jovens dos EUA não acham que fumar muito seja perigoso

Pesquisa aponta que percepção sobre os riscos à saúde vem decaindo no país. Adolescentes e jovens americanos acreditam cada vez menos que fumar em excesso seja prejudicial à saúde.

Comad realiza seminário sobre o uso de drogas

O Conselho Municipal Antidrogas de Araraquara (Comad) realiza no próximo dia 5 de agosto o primeiro seminário sobre o uso do crack e de outras drogas. O evento visa sensibilizar e conscientizar a população sobre os perigos do uso de entorpecentes.

Uso medicinal da maconha ainda causa polêmica nos EUA

Irvina Booker vive com uma dor constante. Inválida por esclerose múltipla e artrite, é uma avó cuja mobilidade depende de seu andador, sua filha e da maconha.

Entenda como o crack vicia e saiba como tratar um dependente

Reconhecer que o viciado tem uma doença é o primeiro passo para se livrar do problema. O crack é uma pasta de cocaína misturada a éter e bicarbonato de sódio. Essa mistura é feita sob água quente. Quando resfriada, ela empedra. Por isso, a droga é fumada em cachimbo.

Fumo passivo está relacionado à perda auditiva em jovens

Jovens expostos ao fumo passivo podem ter maiores riscos de perder a audição. Em um estudo publicado no Archives of Otolaryngology – Head & Neck Surgery, pesquisadores americanos mostraram que adolescentes de 12 a 19 anos expostos à fumaça do cigarro têm até 4% a mais de riscos de perda auditiva.

Droga de efeito devastador alarma médicos nos EUA

Com o singelo rótulo de "sais de banho", uma droga devastadora, que entrou nos Estados Unidos há cerca de um ano, disseminou-se e agora alarma médicos por causa de seus efeitos psicóticos e paranoicos. Trata-se de uma mistura de substâncias jamais testada em humanos, cuja fórmula foi banida em 28 dos 51 Estados americanos, mas ainda não tem veto do governo federal.

Governo vai agilizar destruição de drogas apreendidas

O governo enviará em breve ao Congresso medida provisória para agilizar a destruição de drogas ilícitas apreendidas em operações da Polícia Federal (PF). A informação é do vice-presidente da República, Michel Temer, em entrevista, depois da reunião da presidente Dilma Rousseff com o grupo de coordenação, no Palácio do Planalto.

Senador propõe novo imposto para o cigarro

O senador Paulo Davim (PV) confirmou que apresentará no Congresso Nacional projeto para criar um novo tributo sobre o cigarro. "Ano passado o Brasil gastou R$ 330 milhões com doenças que são provenientes do cigarro. A nossa ideia é propor um novo imposto sobre o cigarro para dirigir recursos para saúde", destacou o senador.

Americano vira crítico de maconha medicinal em jornal do Colorado

Estado tem mais de cem mil usuários de maconha medicinal e legal. William Breathes analisa a droga e as lojas como se fossem restaurantes. O jornalista americano William Breathes, de 30 anos, fuma maconha todos os dias. Longe de isso se tornar um problema para sua vida, Breathes conseguiu transformar o consumo da droga em uma questão de saúde e em trabalho.

Fumo passivo mata sete brasileiros por dia, diz estudo

Não há mais dúvida de que o contato com a fumaça do cigarro sujeita a pessoa que não fuma às mesmas doenças desenvolvidas pelos fumantes. Debates recentes apontam a possibilidade de que a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, seguindo os passos do Conselho Municipal de Nova York (EUA), aprove uma ampliação da Lei Antifumo: a proibição do tabaco em lugares abertos e públicos, como ruas e parques.

O cigarro é bom para o planeta?

Técnicos avaliam a lavoura e agricultores participam do processo de secagem do tabaco, em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul. O processo usa fontes renováveis de energia. Existe uma indústria aparentemente campeã segundo os critérios modernos de sustentabilidade.






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Drogas na mídia

DROGAS NA MÍDIA



Clipping diário.



As notícias veiculadas nesta seção foram publicadas por outros veículos de comunicação e compiladas pela Abead. Elas não refletem a opinião da entidade, que não se responsabiliza pelo conteúdo.



29/07/2011



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Rádio Estadão


Psiquiatra não acredita que Amy Winehouse teria morrido por abstinência de álcool
Segundo Ana Cecília Marques, Conselheira da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas, já teria passado o prazo da cantora desenvolver uma crise de abstinência grave, capaz de levar a morte.





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Jornal do Comércio


Brasileiro está bebendo mais
O brasileiro está bebendo mais. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar de os homens beberem cinco vezes mais que as mulheres, elas estão chegando perto.



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O Estado de São Paulo


SP dá 1º passo para internação forçada de meninos de rua usuários de droga
Procuradoria alega que menores de idade e viciados são legalmente incapazes de escolher o que querem; decisão está nas mãos de Kassab.



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O Globo


Crack ajuda a elevar estatísticas de homicídios no país
O consumo do crack já provoca uma epidemia de homicídios no país, que vitima principalmente jovens de 15 a 24 anos e é um dos principais fatores do aumento da violência, especialmente no Nordeste.



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Portal da Oftalmologia


Pesquisadores afirmam que cigarro aumenta chances de desordem na retina
As chances de um fumante ficar cego com a idade são quatro vezes maiores do que as de pessoas que não fumam, de acordo com estudo de pesquisadores da Universidade de Manchester.

XXI congresso Brasileiro da Abead

Entrevista com Gilberto Lucio da Silva (03/06/2011)



Gilberto Lucio da Silva é coordenador da Comissão Organizadora do XXI Congresso Brasileiro da Abead, que será realizado entre os dias 8 e 11 de setembro, em Recife, Pernambuco. Confira abaixo a entrevista que o profissional concedeu ao Boletim Eletrônico da Abead, abordando as expectativas e os destaques do evento.




Destaque

O XXI Congresso Brasileiro da ABEAD partiu de um entendimento que encontrou guarida e foi ampliado por um pequeno grupo que trabalha com muita dedicação e clareza de objetivos em Recife. Este grupo partiu da ideia central de que é tempo de resgatar todo um universo de intervenções baseadas em evidências para os profissionais que atuam na área da prevenção e tratamento do uso e do abuso de drogas. Um resgate que visa como que “curar” as políticas implementadas por gestores alinhados com ideologias e práticas que beiram o absoluto despreparo e amadorismo, senão algum grau de “sandice”.

Práticas como a redução drástica do número de leitos hospitalares, determinando o total desmantelamento das intervenções mais complexas e intensivas, e a redução do atendimento às hipotéticas ações sociais que se resumem a acolher o usuário, ainda que adolescente, para pernoitar em um albergue, sem realizar com ele nenhum tipo de atividade propriamente terapêutica, que termina tão somente por viabilizar o seu retorno ao uso no dia seguinte. Em suma, práticas ancoradas em uma visão distorcida, oriunda de representantes do que costumo chamar de “outro mundo possível com drogas”, muitos dos quais norteiam seu trabalho pela experiência pessoal, e, portanto, restrita, que desenvolveram com o uso de substâncias psicoativas.

Em contraste absoluto, ressaltaria, principalmente, a forte articulação dos membros das comissões organizadora e científica do XXI Congresso Brasileiro da ABEAD de modo a garantir a pertinência dos temas para a realidade local e regional, com especial atenção a qualificação dos palestrantes e relatores escolhidos. Temas prioritários foram então contemplados, como a diversidade de abordagens do tratamento do abuso de drogas, a adequação a diferentes públicos, estratégias de prevenção universal com foco no retardamento do consumo e não apenas do abuso, a prevalência das drogas lícitas e as estratégias da indústria para ampliar o lucro em detrimento das necessidades da população.



Tema

O tema foi escolhido há dois anos, e mobilizou todos os membros das comissões para torná-lo o mais próximo possível da visão que se tinha da construção coletiva deste evento. Ele procura expressar o verdadeiro “nó górdio” que ainda prevalece na adoção de políticas públicas que parecem desconhecer as evidências apontadas pela clínica das dependências. Um exemplo simples? Sabe-se, a partir da farta literatura existente, que quanto mais precoce o início do consumo de qualquer droga, mais probabilidade existe de ocorrer o desenvolvimento da dependência química. É sempre bom enfatizar: falamos de probabilidade, e não apenas de uma possibilidade abstrata ou remota. Qualquer droga consumida em idade precoce tende a disparar um “gatilho”, como uma “chave que ao ser encaixada na fechadura”, que hipersensibiliza o cérebro e imprime uma sensação especial, que tende a ser novamente acionado e pedir mais. E se alguns fatores de proteção podem ajudar a tornar esta “marca” mais leve ou anulá-la, para a imensa maioria da população estes fatores inexistem ou são fortemente neutralizados pelos diversos fatores de risco, incluindo-se aí a experimentação precoce, que contribui para que esta marca fique mais forte, mais ativa e permanente.


Região Nordeste

É simplesmente uma tentativa de retomar em nossa região o “prumo”, trazer o foco para a realidade do uso, do abuso e da dependência de substâncias, que pouco tem de alegria e lazer, como desejariam crer, por exemplo, alguns áulicos da legalização da maconha em nosso estado. A feliz escolha da logo do evento, uma sobrinha de frevo que gira, em plena atividade, busca transmitir a dinâmica da realidade e mostrar que ação, vida e alegria podem ser trabalhadas sem vinculação com o consumo de drogas.


Relevância

As indústrias das drogas lícitas e ilícitas (tão ou mais industriosas que as que pagam comerciais de TV, pois trabalham nos bastidores, inclusive nas esferas de poder legitimamente constituído) prefeririam certamente que apenas os profissionais que a elas se associam pela ação ou omissão permanecessem realizando suas “rodas de diálogo” pré-fabricadas e inócuas. Estas “rodas”, mimetizando um símbolo da cultura do consumo de drogas, qual seja, a roda de partilha do cigarro de maconha, terminam por funcionar como aparelhamento subsidiário dos setores responsáveis pela saúde, pela educação e pela justiça. Alguns profissionais convidados para estes “diálogos” deixam-se enredar pela amistosa acolhida que visa cooptar ou neutralizar sua intervenção. Mas enquanto existirem profissionais que honram a ciência e a ética, a presença da ABEAD continuará indispensável.


Expectativas

Sabíamos que seria um desafio desde o início. Não tínhamos ilusões a respeito. Faremos um evento que contraria muitos interesses locais, quase sempre representantes de articulações de outras terras. A ABEAD traz uma mensagem que incomoda uma pequena, mas influente, parcela de profissionais que comanda e aparelha órgãos públicos e entidades privadas que se percebem como os fundadores de uma nova ordem sob a terra. Correndo o risco de usar termos que podem soar messiânicos, destaco que estamos, de certo modo, lidando com uma mentalidade em que, a semelhança do Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, do escritor Ariano Suassuna, alguns julgam descender de uma casta mais legítima, quiçá se percebam "cabras" da Pedra do Reino, e tentam criar um ambiente hostil para "estrangeiros”. A ABEAD, pelo tempo em que esteve distanciada do público nordestino, tende a sofrer desta pecha. Mas o reino de outras pedras, crack e oxi, tende a se ampliar e torna indispensável a presença de outros “Doms”, de outros “Reis”, de outros “Sebastiões”. Esperemos que o clamor da população, que busca respostas mais adequadas a esta ampliação dos problemas, permita evitar que mais inocentes pobres e sem descendência “real” sejam imolados no altar da nova pedra das velhas capitanias.





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Síndrome Alcoólica Fetal

ENTREVISTAS




Entrevista com José Mauro Braz de Lima (17/07/2009)



Formado em medicina e com doutorado em Neurologia pela UFRJ, José Mauro Braz de Lima também possui pós-doutorado em Neurociências pela Universidade de Paris, na França. Estudioso em álcool e drogas, ele também é professor associado em Medicina pela UFRJ e coordenador do Programa Acadêmico de Alcoologia e Adictologia da mesma instituição. Além disso, o entrevistado desta edição do Boletim da Abead é diretor geral do Hospital Universitário São Francisco de Assis, da UFRJ. José Mauro também escreveu o livro “Álcool e Gravidez – Síndrome Alcoólica Fetal” um dos únicos do Brasil sobre o tema. Confira a entrevista!




1. O que é a Síndrome Alcoólica Fetal e quais sãos as suas consequências?

A SAF é uma condição clínica decorrente do consumo de álcool pela gestante, onde as substâncias tóxicas atingem o feto ao atravessar a barreira placentária. E isso pode acontecer durante os nove meses de gravidez, pois quando ingerido o álcool penetra no feto de maneira direta, pelo cordão umbilical. Costumamos dizer que quando mulher grávida bebe pela boca, o bebê recebe uma injeção intravenosa de álcool.

Ao entrar no organismo do feto, o álcool interfere no desenvolvimento do bebê, trazendo diversas repercussões não só no cérebro, mas em todos os outros órgãos.

Este é um problema muito antigo, mas só recentemente essa questão foi tida como doença. Entre os anos de 1960 e 1970, na França e nos EUA, essa síndrome ganhou uma expressão mundial e foi relatado que crianças que nascem com SAF têm baixo peso, baixa estatura, nascem com microcefalia, más formações cardíacas e renais, além de déficit cognitivo, retardo mental e baixo rendimento escolar.

Sabe-se que apenas nos últimos 10 ou 20 anos é que a SAF ganhou o entendimento de saúde pública. No Brasil, pouco se sabe sobre essa questão. Ainda não temos dados, mas podemos dizer que esta é uma das questões mais prevalentes. Somos um grande produtor de bebidas alcoólicas e, consequentemente, um grande consumidor. Nossa incidência de SAF é igual ou até maior do que em países desenvolvidos.

2. O Brasil possui ferramentas adequadas e conhecimento suficiente para combater e tratar o alcoolismo?

Sim, sem dúvida. O Brasil, do ponto de vista de produção de conhecimento e conhecimentos específico no tema, tem uma grande capacidade para tratar deste problema. Em São Paulo, existem grandes centros acadêmicos e de pesquisa, como a USP e a Unifesp, por exemplo. No Rio, temos a UFRJ. De um modo geral, temos grandes instituições e grandes profissionais espalhados pelo país.

A visão que a própria Organização Mundial de Saúde define é o alcoolismo como uma questão de saúde pública e não só um problema de saúde mental. Ao invés de se referir à questão chamando-a de dependência química de álcool, a OMS começou a falar em “problemas relacionados ao álcool”. Afinal, o uso abusivo do álcool também causa diversos problemas àquele que não é dependente. Existe então uma visão mais atual, que aborda o problema de álcool e trânsito, álcool e violência, álcool e gravidez, álcool no ambiente de trabalho. E o uso social do álcool pode ser nocivo no dia-a-dia. Uma pessoa que tem uma tendência mais agressiva, por exemplo, ao consumir álcool pode facilitar a ocorrência de violência. E esses indivíduos não são alcoolistas crônicos, mas fazem o uso abusivo do álcool que, por sua vez, também gera problemas.

Para a resolução desse problema, o governo deve estar empenhado e, em algumas aspectos, já podemos observar que o nosso governo está empenhado em resolver a questão.

3. Quais são as principais dificuldades encontradas durante o tratamento de dependência química num hospital geral?

Poucos hospitais gerais têm a visão ou tem instituído setores que possam atender a dependência química. O atendimento nesses locais já ocorre, mas é necessário estar instituído através estratégias governamentais contendo treinamentos e preparos mais adequado aos profissionais que vão lidar com esses casos.

Isso ainda não é difundido do modo ideal. Uma emergência geral deve estar mais capacitada, ou seja, mais habilitada a atender dentro dessa perspectiva de um hospital geral.

Ainda existem problemas organizacionais e administrativos, mas acho que estamos caminhando e acho que já estamos avançando no sentido de facilitar a instituição de ferramentas adequadas para realizarmos atendimentos com mais eficácia.

4. O senhor informou que está realizando um trabalho em parceria com a OMS. No que consiste esse trabalho?

Na UFRJ estamos sempre orientando teses na linha que enfoca a questão do impacto do álcool nos acidentes de trânsito e, por isso, estamos fazendo parte de uma comissão da OMS que trabalha com álcool e acidentes de trânsito.

Hoje, no Brasil, os acidentes de trânsito são a principal causa de morte entre indivíduos de 20 a 29 anos. Essa é uma questão de calamidade pública. Por isso, nosso país está fortemente inserido na campanha da OMS que terá início na próxima década (2010 a 2020), onde ficou definido o tema “acidentes de trânsito”.

E a visão de saúde pública é importante para vermos que os problemas relacionados ao álcool não se limitam à dependência, mas abrangem também o abuso e ao uso. Atualmente, 1,3 milhão de pessoas morre por ano no mundo em acidentes de trânsito relacionados com álcool. Em novembro vou participar de uma reunião com a OMS e com um colega da França para trocarmos experiências sobre o assunto.






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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Droga pesada

Fui dependente de nicotina durante 20 anos. Comecei ainda adolescente, porque não sabia o que fazer com as mãos quando chegava às festas. Era início dos anos 60 e o cigarro estava em toda parte: televisão, cinema, outdoors e com os amigos. As meninas começavam a fumar em público, de minissaia, com as bocas pintadas assoprando a fumaça para o alto. O jovem que não fumasse estava por fora.
Um dia, na porta do colégio, um amigo me ensinou a tragar. Lembro que fiquei meio tonto, mas saí de lá e comprei um maço na padaria. Caí na mão do fornecedor por duas décadas; vinte cigarros por dia, às vezes mais.

Fiz o curso de medicina fumando. Naquela época, começavam a aparecer os primeiros estudos sobre os efeitos do cigarro no organismo, mas a indústria tinha equipes de médicos encarregados de contestar sistematicamente qualquer pesquisa que ousasse demonstrar a ação prejudicial do fumo. Esses cientistas de aluguel negavam até que a nicotina provocasse dependência química, desqualificando o sofrimento da legião de fumantes que tentam largar e não conseguem.

Nos anos 70, fui trabalhar no Hospital do Câncer de São Paulo. Nesse tempo, a literatura científica já havia deixado clara a relação entre o fumo e diversos tipos de câncer: de pulmão, esôfago, estômago, rim, bexiga e os tumores de cabeça e pescoço. Já se sabia até que, de cada três casos de câncer, pelo menos um era provocado pelo cigarro. Apesar do conhecimento teórico e da convivência diária com os doentes, continuei fumando.

Na irresponsabilidade que a dependência química traz, fumei na frente dos doentes a quem recomendava abandonar o cigarro. Fumei em ambientes fechados diante de pessoas de idade, mulheres grávidas e crianças pequenas. Como professor de cursinho durante quase 20 anos, fumei nas salas de aula, induzindo muitos jovens a adquirir o vício. Quando me perguntavam: “Mas você é cancerologista e fuma?”, eu ficava sem graça e dizia que ia parar. Só que esse dia nunca chegava. A droga quebra o caráter do dependente.

A nicotina é um alcalóide. Fumada, é absorvida rapidamente nos pulmões, vai para o coração e, através do sangue arterial, se espalha pelo corpo todo e atinge o cérebro. No sistema nervoso central, age em receptores ligados às sensações de prazer. Esses, uma vez estimulados, comunicam-se com os circuitos de neurônios responsáveis pelo comportamento associado à busca do prazer. De todas as drogas conhecidas, é a que mais dependência química provoca. Vicia mais do que álcool, cocaína, morfina e crack. E vicia depressa: de cada dez adolescentes que experimentam o cigarro quatro vezes, seis se tornam dependentes para o resto da vida.

A droga provoca crise de abstinência insuportável. Sem fumar, o dependente entra num quadro de ansiedade crescente, que só passa com uma tragada. Enquanto as demais drogas dão trégua de dias, ou pelo menos de muitas horas, ao usuário, as crises de abstinência da nicotina se sucedem em intervalos de minutos. Para evitá-las, o fumante precisa ter o maço ao alcance da mão; sem ele, parece que está faltando uma parte do corpo. Como o álcool dissolve a nicotina e favorece sua excreção por aumentar a diurese, quando o fumante bebe, as crises de abstinência se repetem em intervalos tão curtos que ele mal acaba de fumar um, já acende outro.

Em 30 anos de profissão, assisti às mais humilhantes demonstrações do domínio que a nicotina exerce sobre o usuário. O doente tem um infarto do miocárdio, passa três dias na UTI entre a vida e a morte e não para de fumar, mesmo que as pessoas mais queridas implorem. Sofre um derrame cerebral, sai pela rua de bengala arrastando a perna paralisada, mas com o cigarro na boca. Na vizinhança do Hospital do Câncer, cansei de ver doentes que perderam a laringe por câncer levantarem a toalhinha que cobre o orifício respiratório aberto no pescoço, aspirarem e soltarem a fumaça por ali.

Existe uma doença, exclusiva de fumantes, chamada tromboangeíte obliterante, que obstrui as artérias das extremidades e provoca necrose dos tecidos. O doente perde os dedos do pé, a perna, o pé, uma coxa, depois a outra, e fica ali na cama, aquele toco de gente, pedindo um cigarrinho pelo amor de Deus.

Mais de 95% dos usuários de nicotina começam a fumar antes dos 25 anos, a faixa etária mais vulnerável às adições. A imensa maioria comprará um maço por dia pelo resto de suas vidas, compulsivamente. Atrás desse lucro cativo, os fabricantes de cigarro investem fortunas na promoção do fumo para os jovens: imagens de homens de sucesso, mulheres maravilhosas, esportes radicais e a ânsia de liberdade.

O fumo é o mais grave problema de saúde pública no Brasil. Assim como não admitimos que os comerciantes de maconha, crack ou heroína façam propaganda para os nossos filhos, todas as formas de publicidade do cigarro deveriam ser proibidas terminantemente. Afinal, que pais e mães somos nós?

Recompensa

recompensa é bem-vinda, venha ela de uma droga ilícita ou da experiência vivida. Sempre que os neurônios dos centros encarregados de reconhecer recompensas são estimulados repetidamente por substâncias químicas ou vivências que confiram sensação de prazer, existe risco de um cérebro vulnerável ficar dependente delas e desenvolver uma compulsão. Por isso, tanta gente bebe, fuma, cheira cocaína, perde casa em jogo de baralho, come demais, faz sexo sem parar, compra o que não pode pagar e levanta peso compulsivamente nas academias.

A palavra dependência vem sempre associada às drogas químicas, ao desespero do dependente para consegui-las, ao aumento da tolerância às doses crescentes e à crise de abstinência provocada pela ausência delas na circulação. A tríade compulsão-tolerância-abstinência, no entanto, não é obrigatória mesmo no caso de substâncias dotadas de alto poder de adição.

A cocaína, por exemplo, droga de uso altamente compulsivo, causa síndromes de abstinência relativamente discretas, desde que o usuário não entre em contato com a droga ou com alguém sob o efeito dela. Apesar de causar dependência, a maconha muitas vezes é consumida esporadicamente, sem que o usuário apresente crises de abstinência dignas de nota. Doentes que tomam morfina para combater dores fortes, em menos de 3% dos casos, desenvolvem obsessão pelo medicamento quando as dores param.

Toda vez que o cérebro é submetido a estímulos repetitivos carregados de conteúdo emocional, os circuitos de neurônios envolvidos em sua condução se modificam para tentar perpetuar a sensação de prazer obtida.

Esse mecanismo, conhecido como neuroadaptação, é arcaico. Quando a abelha penetra uma flor e sente o prazer de encontrar o alimento desejado, é liberado, em seu cérebro, um neurotransmissor chamado octopamina. Quando um adolescente fuma maconha ou cheira cocaína, ocorre, nas terminações nervosas de certas áreas cerebrais, aumento na concentração de dopamina. A semelhança de nomes entre ambos os neurotransmissores traduz a proximidade da estrutura química existente entre as duas moléculas. Apesar de as abelhas terem divergido da linhagem que nos deu origem há mais de 300 milhões de anos, os mediadores da sensação de prazer são quase os mesmos nas duas espécies.

Na seleção natural das espécies, levaram vantagem reprodutiva aquelas que desenvolveram mecanismos de recompensa ao prazer com o objetivo de criar a necessidade de buscar sua repetição. Para o organismo, em princípio, tudo o que traz bem-estar é bom e deve ser repetido. Se não fosse assim, nós nos esqueceríamos de nos alimentar, de fazer sexo ou de procurar a temperatura mais agradável na hora de dormir.

Os estudos para entender o mecanismo de neuroadaptação em resposta aos estímulos repetitivos de prazer levam a crer que os neurônios se organizem em circuitos que convergem para estações cerebrais situadas nas proximidades dos centros que coordenam memórias e emoções. Neurônios situados nessas estações ligadas à recompensa estabelecem conexões com outros que convergem para o chamado centro da busca. Estes, quando ativados, interferem no comportamento, criando forte sensação de ansiedade para induzir o corpo a buscar a repetição do prazer. Por isso o fumante sai da cama atrás de um bar para comprar cigarro, o alcoólatra bebe no horário de trabalho e o craqueiro pede esmola para comprar a droga.

Por um capricho da natureza, entretanto, a estimulação repetida do centro do prazer pode provocar ativação irreversível do centro da busca, de modo que este permanece estimulado mesmo quando o uso da droga já não traz mais prazer nenhum. Em outras palavras, o prazer repetido à exaustão pode disparar o centro da busca irreversivelmente.

É frequente entre os usuários crônicos de drogas o aparecimento de quadros persecutórios em que o dependente imagina ser perseguido pela polícia ou por algum desafeto. No caso da cocaína, da heroína, do crack, da morfina ou do álcool, não é raro surgirem alucinações em que o usuário vê bichos na parede e inimigos embaixo da cama. Nessa fase da adição, nem o dependente é capaz de entender o que o leva a tomar outra dose e a repetir experiência tão dolorosa. O centro da busca assumiu o controle; obriga o dependente a ir atrás de um prazer que não existe mais.

Esse mecanismo neuroadaptativo, associado à tolerância que o organismo desenvolve a doses crescentes de qualquer droga administrada repetidas vezes, constrói a armadilha que aprisiona tantas pessoas no inferno da dependência química. A primeira cerveja deixa o adolescente bêbado; depois de alguns anos, é preciso tomar meia dúzia para obter efeito semelhante. A primeira cachimbada de crack tira de órbita e faz o ouvido zumbir durante meia hora, mas, após alguns dias de uso, o efeito dura menos de um minuto. Pela mesma razão, todo usuário crônico de maconha se queixa equivocadamente de que não existem mais baseados como aqueles de antigamente.

Em artigo publicado na revista “Science“, um grupo seleto de neurocientistas mostra que, por trás do consumo de drogas, das compulsões alimentares, sexuais ou de fazer compras, da cleptomania e do vício do jogo ou de fazer exercícios exageradamente, existe um mecanismo comum de neuroadaptação.

Maconha e dopamina

. O THC inalado, ao chegar ao cérebro, libera quantidades suprafisiológicas de neurotransmissores – como a dopamina — associados às sensações de prazer e de recompensa. Como tentativa de adaptação à agressão química representada pela repetição do estímulo, os circuitos de neurônios envolvidos na resposta, sobrecarregados, perdem gradativamente a sensibilidade à droga, produzindo concentrações cada vez mais baixas dos referidos neurotransmissores. Nessa fase, a nostalgia toma conta do espírito do usuário.

É por causa desse mecanismo de tolerância ou dessensibilização que o prazer induzido não apenas pelo THC, mas por qualquer droga psicoativa diminui de intensidade com a administração prolongada. Se é assim, por que o usuário crônico insiste na busca de uma recompensa que não mais encontrará? Por que fraqueja depois de ter jurado parar? Por que alguém cheira cocaína mesmo quando vive o terror das alucinações persecutórias toda vez que o faz?

A resposta está nos circuitos de neurônios responsáveis pela motivação, memória e aprendizado.

Estudos recentes mostram que a memória e o processo de aprendizado, bem como a exposição do cérebro a drogas psicoativas, modificam a arquitetura das sinapses (o espaço existente entre dois neurônios através do qual o estímulo é modulado ao passar), dando início a uma cadeia de eventos moleculares capazes de alterar o comportamento individual por muito tempo.

Esse mecanismo comum permite entender por que a “fissura” associada à abstinência costuma ser disparada por memórias ligadas ao consumo da droga. Conscientemente, o usuário pode decidir tomar outra dose ao recordar a euforia ou a felicidade sentida anteriormente. Outros estímulos podem causar efeito semelhante: a visão do cachimbo de crack, o tilintar do gelo no copo, o esconderijo para fumar maconha. Mas existem lembranças mais abstratas (um cheiro, uma música, um fato, uma luminosidade) que podem induzir à procura da droga mesmo na ausência de percepção consciente.

Não faz sentido falar generalizadamente em “efeito das drogas”, visto que cada uma age segundo mecanismos farmacológicos específicos. Mas, se existe um efeito comum a todas elas, é a estimulação dos circuitos cerebrais de recompensa mediada pela liberação
de dopamina, através da interação da droga com receptores localizados na superfície dos neurônios.

Está fartamente documentado que o bombardeio incessante desses neurônios reduz progressivamente o número de receptores que respondem à dopamina. À medida que o cérebro fica menos sensível à dopamina, o usuário começa a perder a sensibilidade às alegrias cotidianas: namorar, assistir a um filme, ler um livro. O único estímulo ainda suficientemente intenso para ativar-lhe os circuitos da motivação e do prazer é o impacto da droga nos neurônios.

Essa inversão de prioridades motivacionais torna seus atos incompreensíveis. Não é verdade que o adolescente rouba o salário da mãe para comprar crack porque não tem amor por ela; ele o faz simplesmente porque gosta mais do crack.

A maioria dos ex-usuários que se libertaram da dependência de uma droga se queixa de que é preciso lutar pelo resto da vida contra a tentação de recair. Não conhecemos com exatidão os passos pelos quais as drogas psicoativas induzem alterações permanentes no cérebro. Mas os especialistas suspeitam que a resposta esteja nas distorções que elas provocam na estrutura das sinapses.

Nos últimos anos, foi demonstrado que, durante o processo de memorização, surgem novas ramificações nos neurônios. E que esses novos prolongamentos vão estabelecer sinapses duradouras com neurônios da vizinhança, aumentando a complexidade e a versatilidade da circuitaria nas áreas do cérebro que coordenam a memória.

Quando sensibilizamos camundongos à cocaína, ocorre fenômeno semelhante: surgem novas ramificações e novas sinapses, mas nos neurônios situados nas áreas que controlam os sistemas de recompensa e de tomada de decisões.

Os circuitos envolvidos no aprendizado e na memória estão sendo vasculhados pelos que estudam a neurobiologia da adição. A partir deles, talvez possamos entender por que alguns experimentam drogas para viver uma experiência agradável e não se tornam dependentes, enquanto outros transformam seu uso em compulsão destruidora

Tratamento para o Alcoolismo

aumentar/reduzer A crença de que a cura do alcoolismo era questão de vontade impediu avanços na área

Às sete da manhã, o homem encostou no balcão da padaria com as mãos trêmulas e a barba por fazer. O balconista serviu um copo americano com pinga até o friso superior. Ele se debruçou sobre a bebida e deu o primeiro gole sem usar as mãos. Pouco depois, tremendo menos, conseguiu segurar o copo e tomar o resto.

Em seguida, começou a transpirar, abriu o colarinho e fez uma série de inspirações profundas que não lhe trouxeram alívio. Ao contrário, o rosto ficou congesto, com as veias saltadas, vermelho como pimentão.

Vou morrer, disse para o balconista atônito que, em segundos, lhe preparou um copo de água com açúcar. Agitado, saiu para a calçada em busca de ar, com o rosto em chamas. Duas senhoras que compravam pão foram atrás. Insistiram que tomasse a água açucarada, enquanto o abanavam com um xale preto.

Lembro como se fosse ontem, dessa cena que presenciei aos 14 anos. No dia seguinte, a vizinhança comentava que a esposa havia colocado na sopa do marido o remédio causador da sensação de morte iminente na padaria.

Durante muitos anos, o único recurso farmacológico para o alcoolismo foi essa droga traiçoeira: o dissulfiram, conhecido popularmente como Antabuse.

No mesmo período em que a medicina desenvolveu antibióticos, medicamentos para controlar hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e tantas outras, a crença ridícula de que a cura do alcoolismo era simples questão de força de vontade impediu qualquer avanço nessa área.

Tanto é verdade que os Alcoólicos Anônimos representavam a única esperança para os que desejavam livrar-se do álcool. Situação humilhante para os médicos: um grupo de auto-ajuda conseguir fazer muito mais do que a medicina inteira.

Tal panorama começou a mudar apenas nos anos 90, quando estudos clínicos e inquéritos epidemiológicos permitiram dividir os dependentes em dois grupos principais.

O primeiro é representado pelos que experimentam grande excitação ao beber. São aqueles que nas festas estudantis riem, fazem algazarra e se apropriam da palavra. O álcool os torna eufóricos, seguros de si. Costumam apresentar problemas causados pelo uso excessivo já aos 20 ou 30 anos. Em suas famílias geralmente há outros casos de alcoolismo.

No segundo, estão incluídos os ansiosos que bebem com a finalidade de aliviar o estresse e a ansiedade. Geralmente, começam a beber com moderação a partir dos 30 ou 40 anos e só apresentarão as complicações características do uso excessivo mais tardiamente.

Como resultado de intenso trabalho com animais de laboratório, em 1994 foi aprovado o segundo medicamento para o tratamento do alcoolismo: a naltrexona, droga que bloqueia no cérebro os receptores opióides existentes nos neurônios responsáveis pelos efeitos euforizantes do álcool.

A terceira droga aprovada, o acamprosato, bloqueia a liberação de um neurotransmissor (glutamato), produzido em quantidades excessivas pela exposição continuada a doses altas de álcool. Embora reduza a intensidade dos sintomas da crise de abstinência, os resultados do acamprosato têm sido contraditórios.

Nos últimos anos, a compreensão dos mecanismos moleculares que levam à liberação dos neurotransmissores envolvidos nas sensações de prazer, euforia, agressividade e dependência química associadas ao álcool, possibilitou a descoberta de novos tratamentos.

Em estudo publicado em 2003, na revista “The Lancet”, o topiramato, usado em casos de epilepsia, enxaqueca e distúrbios alimentares, demonstrou ser capaz de reduzir o número de drinques diários e de aumentar os dias de abstinência.

No ano passado, foi demonstrado que a vareniclina, droga de aprovação recente para os que decidem livrar-se do cigarro, reduz a sofreguidão por bebidas alcoólicas em ratos tornados dependentes. É provável que tenha efeito semelhante em seres humanos.

Ao lado dessas drogas que usam como alvo os neurotransmissores, têm ocorrido avanços significativos no estudo de outras que interferem com o mecanismo de estresse, responsável pelo abuso nos mais ansiosos.

É provável que, nos próximos cinco a dez anos, possamos oferecer aos que fazem uso nocivo do álcool, remédios eficazes que os ajudem a livrar-se da dependência. Talvez até surjam medicamentos que lhes realize o sonho de experimentar o prazer de um copo de vinho ou de um chope com os amigos, sem correr o risco de beber até cair na sarjeta.

domingo, 24 de julho de 2011

.: Viktor Frankl


MEU CREDO PSIQUIÁTRICO


Se a pessoa espiritual não estiver presente atrás da barricada da psicose, embora condenada à impotência expressiva e instrumental, se, portanto, não for verdade que a pessoa espiritual ainda que vulnerável a pertubações seja imune à destruição pelo psico físico, então não valerá a pena ser psiquiatra.

Porque se a pessoa espiritual não for poupada de todo o mal e de toda a decadência do psico físico, se ela, pelo contrário, for afetada e afligida, em nome de quem deveríamos nós então, ser médicos?

Ser psiquiatra só vale a pena enquanto o podemos ser, não "para"o organismo psicofísico, mas em função da pessoa espiritual, a qual, por assim dizer, espera ser libertada por nós do "handicap"psicofísico.

Agora devo, porém, pronunciar ainda o meu segundo CREDO: se não houver o antagonismo noopsíquico facultativo, se não houver, por conseguinte, uma possibilidade de a pessoa espiritual poder se opor à psicose como doença psicofísica, nunca estaremos em condições de proceder a uma psicoterapia ( ou mesmo uma Logoterapia) nas psicoses; só enquanto pudermos contar com aquele antagonismo facultativo, só então, podemos também contar com o êxito. Em outras palavras: fundamentalmente, só se o primeiro Credo for verdadeiro, vale a pena ser psiquiatra, e só se o segundo Credo for verdadeiro, estou em condições de ser psiquiatra.

A pessoa espiritual situa-se, essencialmente, além de toda morbidez e mortalidade psicofísicas, se assim não fosse, eu não desejaria ser psiquiatra: não teria sentido. E a pessoa espiritual é, essencialmente, aquela que pode opor-se a toda morbidez psicofísica, e se assim não fosse, eu não poderia ser psiquiatra, por conseguinte, não teria utilidade.

BIOGRAFIA DE VIKTOR EMIL FRANKL

1905
Em 26 de março nasce Viktor Emil Frankl, em Viena, na rua Czerningasse, 6. Era o segundo de três filhos (antes dele, nasceu Walter August no dia 26 de julho 1902; depois dele, em 30 de abril de 1909, nasce Stella Josefine). A mãe, Elsa Lion, nasceu em Praga, no dia 8 de fevereiro de 1879; o pai Gabriel, no dia 28 de março de 1861, em Pohrlitz, no Sudmahren (Áustria/Hungria); foi Diretor do Ministério de Administração dos Negócios Sociais.

1914-1918
Durante a Primeira Guerra Mundial a família Frankl se encontrava em grande restrição econômica, ao ponto dos filhos terem que ir em fazendas, pedir pão e às vezes até roubar milho no campo.

1915-1923
Durante o ginásio, Frankl se interessou pelo estudo dos filósofos naturalistas, como Wilhelm Ostwald e Gustav Theodor Fechner e começou a freqüentar as aulas de psicologia aplicada na Universidade Popular, ocupando-se também da psicologia experimental. Neste período, entrou em contato com Sigmund Freud e a Psicanálise.

1921
É realizada a Primeira Conferência de Frankl sobre o tema: “O sentido da Vida”. No mesmo ano torna-se funcionário da Juventude Trabalhadora Socialista.

1923
Frankl realiza sua última prova referente ao segundo grau, tendo como tema “A Psicologia do Pensamento Filosófico” (Um estudo sobre o sentido psicanalítico de Arthur Schopenhauer). Surge a primeira publicação de Frankl no jornal “Der Tag’”, na coluna reservada aos jovens. Intensifica-se a correspondência com Sigmund Freud.

1924
Por um desejo explicito de Freud, Frankl publica no Internazionale Zeitschrift fur Psychoanalyse, um breve artigo: Zur mimischen Beja-hung und Verneinung. Neste mesmo ano Frankl incia o estudo da medicina e torna-se líder dos estudantes socialistas. Encontra-se pessoalmente com Sigmund Freud, mas logo sente-se influenciado pelas idéias de Alfred Adler.

1925
É publicado o artigo Psychotherapie und Weltanschauung no Internacional Zeitschrifit fur Individualpsychologie, onde se torna clara a delimitação existente entre a psicoterapia e a filosofia, a partir da visão do sentido e dos valores.

1926
Frankl ministra palestras públicas e apresenta-se em congressos, em Dusseldorf, Frankfurt e Berlim, no qual começa a elaboração dos conceitos da Logoterapia.

1927
Frankl organiza em Viena e em outras seis cidades os Centros de Aconselhamento Juvenil, onde os jovens em dificuldade eram atendidos gratuitamente. Psicólogos como Charlotte Buhler e Erwin Wexberg, e o anatomista e conselheiro da prefeitura de Viena, Julios Tandler, encorajam o projeto. Frankl funda e dirige a revista Der Mensch im Altag. Zeitschritf zur Verbreitung und Anwendung der Individualpsychologie. O relacionamento com Adler se rompe, estando Frankl ainda, sob a influência de Rudolf Allers e Osward Scharwarz (fundadores da medicina psicossomática). Frankl entusiasma-se com o livro de Max Scheler, Der Formalismus in der Ethik und die materiale Wertethik. Logo depois, é expulso da sociedade adleriana, fato que lhe causa grande surpresa. A filha de Adler (Alexandra), Rudolf Dreikurs e outras pessoas influentes permanecem ligadas a Frankl.

1930
Organiza uma ação extraordinária de prevenção ao suicídio, (que estava com índice altíssimo), resultando em enorme sucesso, pois não se constatou, ao final do ano letivo, nenhum caso de suicídio entre os estudantes. Seu trabalho tem ressonância positiva, no exterior. Wilhelm Reich o convida para ir a Berlim; as Universidades de Budapeste também o convidam para conferências. Frankl cria o primeiro curso sobre Higiene Psíquica, na Universidade Popular. Antes de concluir os seus estudos ele começa a trabalhar na repartição de Psicoterapia do Hospital Universitário, sob a supervisão de O. Pötzl. Logo após obter seu diploma, começa a trabalhar na Clínica Neurológica Am Rosenhügel.

1931-1932
Conclui sua formação neurológica e trabalha no Hospital Maria Theresien Schlossl, de Viena, supervisionado por J. Gerstmann.

1933-1937
Obtém a direção do “Pavilhão dos suicidas” no hospital psiquiátrico de Viena Am Steinhof, onde anualmente consegue acompanhar quase 3000 pacientes. Especializa-se em neurologia e psiquiatria, e passa a atuar em consultório particular. Entrada de Hitler na Áustria. No seu artigo Zur geistigen Problematik der Psychotherapie publicado no Zentralblatt fur Psychotherapie und ihre Grenzgebiete, Frankl fala pela primeira vez da Logoterapia e da análise esistencial, de forma explícita e bem articulada. Não se utiliza do visto que o permitia residir nos EUA, preferindo ficar com os pais, já idosos.

1939-1942
Obtém a direção do setor de neurologia de Rothschildspital, onde são tratados apenas pacientes hebreus. Frankl coloca em perigo sua própria vida, sabotando um programa de eutanásia, autorizado pelos nazistas, para eliminar doentes psicóticos (hebreus), elaborando falsos diagnósticos no decorrer das perícias médicas. Publica nesta época alguns artigos em jornais semanais da Suíça, e começa a primeira edição do livro Arztliche Seelsorge.

1942
Casamento com Tilly Grosser. No mês de setembro foi feito prisioneiro e transportado com toda a família para o campo de concentração de Theresienstadt (Bohmen). Só a sua irmã Stella consegue exilar-se na Austrália. Seu irmão Walter e a esposa Elza, já haviam se tornado prisioneiros em Auschwitz, após tentativa de fuga, através da fronteira.

1943
Em 13 de fevereiro, em um dos barracões do campo de concentração de Theresienstadat, Frankl consegue aliviar o sofrimento do pai, contrabandeando e aplicando-he uma injeção de morfina, para reduzir suas dores provenientes de graves complicações pulmonares. Tal fato porém, não impede o falecimento do pai, que contava 82 anos de idade. Frankl atribui ao último gesto para com o pai todo o sentido por não ter ido para os Estados Unidos da América.

1944
Frankl chega em Auschwitz, seguido da mulher Tilly; ao ingressar é obrigado a abandonar um manuscrito de seu livro. Em 23 de outubro, no mesmo campo de concentração, morre sua mãe, na câmara de gás. Também em Auschwitz morre seu irmão. Em seguida, Frankl é transferido para Kaufering III e Terkheim (sucursal de Dachau). Naquela extrema condição de vida pode confirmar sua tese sobre o destino e a liberdade.

1945
No último campo de concentração em que esteve, Frankl adoece com febre tifóide e se mantém acordado à noite, tentando reconstruir estenograficamente o seu livro. Em 27 de abril conquista a liberdade e alguns meses depois volta para Viena, onde recebe a confirmação da morte da sua mulher.

1946
Frankl é nomeando diretor clinico da Policlínica Neurológica de Viena e mantém este cargo por 25 anos. Com a impressão de seu livro Artliche Seelsorge, Frankl se vê recompensado. Em nove dias escreve outro livro: Ein Psycholog erlebt das Konzentrationslager (Um Psicólogo no Campo de Concentração), que só na edição americana vendeu mais de nove milhões de cópias. Publicação de ... tretzdem Ja zum Leden sagen. Drei Vortrage.

1947
Frankl casa-se novamente, com Eleonore Katharina Schwindt e em dezembro nasce uma menina, que recebe o nome de Gabriele. Frankl publica uma obra particularmente significativa, rica de uma abundante casuística: Die Psychoterapie in der Praxis. Eine kasuistische Einfuhrung fur Arzte, além da Zeit und Verantwortung e Die Existenzanalyse und die Probleme der Zeit.

1948
Frankl especializa-se em neurologia e psiquiatria. Obtém o título de doutorado em filosofia, com uma dissertação sobre o tema: Der unbewuBte Gott. Psycotherapie und Religion (A Presença Ignorada de Deus). Livre docente de neurologia e psiquiatria na Universidade de Viena. Surgem as famosas Metaklinische Vorlesungen, publicadas pela editora Deuticke com o nome de Der unbedingte Mensch.

1949
Frankl funda a Osterreichische Arztegesellschaft fur Psychotherapie sendo o primeiro presidente. Como resultado das suas aulas escreve o livro Homo Patients. Versuch einer Pathodizee no qual evidencia um novo ponto nevrálgico da logoterapia: a consolação do homem que sofre. Durante as Salzburger Hochschulwochen propõe as suas 10 Thesen uber die Person (As Dez Crenças Sobre a Pessoa Humana).

1951
Lança o livro Logos und Existenz. Drei Vortrage, onde estão definidos os fundamentos antropológicos da logoterapia.

1952
Publicação do pequeno volume Die Psychotherapie im Alltag. Sieben Radiovortrage, e em colaboração com Otto Potz publica um estudo psicofisiológico sobre as condições psíquicas durante uma crise.

1954
As Universidades de Londra, Holanda e Buenos Aires o convidam a proferir palestras. Gordon Allport se mobiliza e leva-o aos Estados Unidos, auxiliando na tradução dos seus livros.

1955
Publicação de Pathologie des Zeitgeistes. Rundfunkvortrage uber Seelenheilkunde. Professor na Universidade de Viena, Frankl começa a ensinar em numerosas outras Universidades como professor visitante. Surge nos EUA The doctor and the Soul. From Psychotherapy to Logotherapy (tradução de Arttliche Seelsorge).

1956
Frankl explica no livro Theorie und Therapie der Neurosen a sua doutrina sobre as neuroses.

1959
A melhor sistematização do seu ensinamento aparece no capítulo: GrundriB der Existenzanalyse und Logotherapie dell’Handbuch der Neurosenlehre und Psychotherapie, editado junto a Von Gebsattel e Schultz, em cinco volumes sobre os campos de concentração, com o título From Death-Camp to Existentialism. A Psychiatrists Path to a New Therapy.

1961
Professor convidado na Universidade de Harvard em Cambridge (USA).

1963
Enriquecido de uma segunda parte, completamente nova, é publicado nos Estados Unidos um volume sobre campos de concentração com o titulo Man’s Search for Meaning. An Introduction to Logotherapy (Em Busca de Sentido e Introdução à Logoterapia).

1966
Professor convidado na Southern Methodist University em Dallas (USA)

1967
É publicada, nos Estados Unidos, uma coleção de artigos originais em inglês com o titulo Psychotherapy and Existencialisin. Selected Papers on Logotherapy (Psicoterapia e Existencialismo).

1970
Em San Diego, Califórnia, na United States Internacional University, é inaugurada uma disciplina de Logoterapia e é fundado o Primeiro Instituto de Logoterapia do mundo. Frankl recebe o título de Doutor Honoris Causa, na Loyola University de Chicago e na Edgecliffe College em Cincinnati.

1971
Publicação de Psychotherapie Fur den Altag. Rundfunkvortrage uber Seeleheilkunde.

1972
Professor convidado na Duquesne University, em Pittsburgh (USA). Doutor Honoris Causa na Rockford Collegem em Illinois (USA). São publicadas as edições Der Wille zum Sinn. Ausgewahlte Vortrage uber Logotherapie e Der Mensch auf der Suche nach Sinn. Zur Rehumanisierung der Psychotherapie. Na Califórnia, Frankl recebe aulas de vôo e obtém o brevê (autorização) para pilotar.

1975
Publicação de Der leidende Mensch. Anthropologische Grundlagen der Psychotherapy. Nos Estados Unidos enriquecido de uma segunda parte, é lançado The Unconscious God. Psychotherapy and Theology (O Inconsciente Espiritual – Psicoterapia e Teoologia).

1977
Frankl publica Das Leiden am sinnlosen Leben. Psychotherapie fur heute e... trotzdem Ja zum Leben sagen. Ein Psychologe erlebt das Konzentrationslager.

1978
Publicação nos Estados Unidos do volume em língua inglesa The Unheard Cry for Meaning. Psychotherapy and Humanism.

1979
Com apresentação de Konrad Lorenz aparece Der Mensch vor der Frage nach dem Sinn. Eine Auswahl aus dem Gesemtwerk.

1981
Publicação de Die Sinnfrage in der Psychotherapie.

1984
Doutor Honoris Causa, na Mount Mary College (Wisconsin-USA); na Universidade do Rio Grande do Sul, no Brasil; na Universidade Andres Bello de Caracas e na Universidade do Sul América. Frankl visita o Brasil (Porto Alegre-RS) e preside o Primeiro Congresso Latino-Americano de Humanismo.

1985
Doutor Honoris Causa na Universidade de Buenos Aires (Argentina) e na Universidade Francisco Marroquin, na Guatemala.

1986
Doutor Honoris Causa na Universidade de Viena (Áustria), na Universidade Nacional de Cuyo, Argentina, na Universidade Nacional de San Luís e na Universidade de Aconcágua, Argentina.

1987
Publicação de Logotherapie und Existenzanalyse. Texte aus funf Jahrzehnten.

1988
Na ocasião do qüinquagésimo aniversário da invasão de Hitler, na Europa, Frankl recebe uma grande homenagem, na praça ao redor de Rathauslatz. Doutor Honoris causa na Universidade de Haifa, Israel.

1989
Doutor Honoris Causa na Internacionale Akademie fur Philosophie do Liechtenstein e na Universidade de Kopenhagen.

1990
Doutor Honoris Causa na Universidade de Pretória, na África do Sul.

1991
Doutor Honoris Causa na Universidade Gabriela Mistral, de Santiago do Chile e na Universidade de Santa Clara, Califórnia.

1992
Em Viena é fundado o Viktor-Frankl-Institut, tendo na presidência altas personalidades do mundo acadêmico internacional (Herbert Hunger, Giselher Guttmann, Franz Vesely, Eugênio Fizzotti) e membros da família Frankl (Gabriele Frankl, Eleonore Frankl, Katharina Vesely). Participam do comitê cientifico Javier Estrada, Robin Goodenough, David Guttmann, Dmitry Leontiev, Elisabeth Lukas, Hiroshi Takashima. Publicação de Bergerlebnis und Sinnerfahrung, no qual Frankl descreve a sua experiência de alpinista. Doutor Honoris Causa na Universidade de Ljubljana.

1994
Doutor Honoris Causa na Universidade de Praga, na Universidade de Lublin e na Universidade de Salisburgo.

1995
Publicação da autobiografia: Was nicht in meinen Buchern steht. Concessão de cidadania honorária da cidade de Viena. Grande Medalha de Ouro da Republica Austríaca Grande Medalha do Conselho Austríaco de medicina.

1996
Doutor Honoris Causa na Universidade Semmelweis, de Budapeste.

1997
Publicação de Man’s Search for Ultimate Meaning. Doutor Honoris Causa na Ohio State University de Columbus (USA). Medalha Medicus Magnus e Estrela de Ouro internacional pelos serviços prestados à humanidade, conferido pela Academia Médica Polonesa. Viktor Frankl falece em dois de setembro, devido a complicações cardíacas, aos 92 anos de uma vida plena de sentido. É sepultado no dia seguinte, em reunião íntima, no antigo setor hebraico do Zentralfriedhof (Porta 11, grupo 76b, fila 23, n.27).


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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Por 8 a 0, STF autoriza atos pela liberação da maconha

Por 8 a 0, STF autoriza atos pela liberação da maconha
Postado dia 16 de junho de 2011 às 11:11
O STF (Supremo Tribunal Federal) liberou ontem a realização de atos pró-maconha. Por unanimidade, os ministros afirmaram que a Justiça não pode interpretar o artigo 287 do Código Penal, que criminaliza a apologia de “fato criminoso [o uso da droga] ou de autor de crime [o usuário]“, para proibir eventos públicos que defendem a legalização ou regulamentação da maconha.

Segundo o tribunal, quem defende a descriminalização da maconha está exercendo os direitos à liberdade de reunião e expressão, previstos na Constituição Federal.

O relator do caso, ministro Celso de Mello, afirmou que a livre expressão e o exercício de reunião “são duas das mais importantes liberdades públicas”. “A polícia não tem o direito de intervir em manifestações pacíficas”, disse. Com informações da Folha de São Paulo

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Por 8 a 0, STF autoriza atos pela liberação da maconha

Por 8 a 0, STF autoriza atos pela liberação da maconha

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Responsabilidade

- O que deu certo através do meu próprio trabalho é mérito meu. Aquilo que, pelo meu ato livre, chegou a fracassar, é culpa minha, será marcado na minha consciência como um déficit. Qualquer acontecimento, para cuja ocorrência houve a minha participação, está situado entre os pólos do mérito e da culpa: ou será creditado a meu favor, ou coloca-me em má situação diante de mim ( ou também dos outros), contanto que minha participação tenha ocorrido como pessoa livre.

Ser livre significa que eu me decidi e agi a partir do pleno conhecimento do que se tratava e em que tomaria parte. E nestes eventos, em que tenho um papel a cumprir, que transparece de forma mais clara quem eu sou. Minha reação, minha resposta ao sentido da situação (se respondo a ele e como respondo, ou se o ignoro) produz aquela luz sob a qual me encontro diante de mim e dos outros. Pois como homem livre não agi em nome de alguma outra pessoa, não agi como ferramenta sob a coerção de alguém.

Eu, e exclusivamente eu, deixei minha marca pessoal no acontecimento, escrevi-a com minha própria letra. Como fui eu quem quis e conseguiu fazê-lo, continua mérito meu mesmo que uma outra pessoa considere o sucesso como seu, ou quer passá-lo como sendo seu. E é culpa minha se cometi uma injustiça mesmo que os outros vejam a ocorrência de forma diferente. Se eu agi livremente, não posso responsabilizar nenhuma outra pessoa (empurrando a culpa) e nenhuma outra pessoa pode assumir a responsabilidade (assumindo o mérito). O ato ficou inseparável da minha pessoa. Ele é a expressão da pessoa autônoma e verdadeira, e dos objetivos aos quais se sente ligada.

Ser responsável significa que entro no jogo. Em outras palavras, a responsabilidade surge quando um assunto tem a ver comigo. Quando algo depende de mim (como ajo e se ajo), portanto, sempre que eu tenho que tomar decisões, encontro-me no centro da responsabilização. Toda responsabilidade pressupõe a liberdade da pessoa. Assim, ninguém pode tornar-se culpado por algo que aconteceu apesar de todos os seus cuidados, ou contra sua vontade, ou por algo que a própria pessoa não fez. Nestes casos, não se trata de culpa e, assim, também não existe a culpa coletiva; discutível neste caso seria apenas a responsabilidade legal.

A liberdade e responsabilidade estão inseparavelmente unidas, são os dois lados de um mesma moeda. Ser livre significa tomar decisões próprias e, assim, ser o causador de um resultado. O ato livre implica necessariamente a responsabilização, independentemente de a pessoa estar ou não ciente disso. Esta responsabilização fundamental é a base para a responsabilidade concreta numa determinada situação.

A responsabilidade é precedida pela liberdade. Ao examinarmos este pensamento sob um outro ângulo, chegamos à conclusão de que, na ligação inseparável da liberdade com a responsabilidade, a questão é como a liberdade deve ser empregada de modo que tenha sentido. Ser livre pela liberdade em si leva ao vazio total e à falta de compromisso. Se fosse apenas pela liberdade em si, nada mais poderíamos fazer, pois então imediatamente desistiríamos dela através de uma decisão.

Já vimos anteriormente (cf. cap. 1 e 2) que, de qualquer maneira, precisamos nos decidir. E verificamos que a melhor decisão possível é chamada de "sentido" (cf. cap. 3 e 4). O melhor aproveitamento de nossa liberdade seria usá-la para o sentido da situação, deixando que ela se dissolva numa decisão pelo sentido. Desta maneira, o vazio de ser "livre de" transforma-se na plenitude de ser "livre para". O aspecto negativo da liberdade é substituído por um positivo. A liberdade foi preenchida com um sentido — o sentido da liberdade é a responsabilidade.

No final do quarto capítulo, discutimos uma atitude diante da vida que seria como que a chave para toda a busca de sentido. Dissemos que, no fundo, e desde o começo, o homem é "interrogado pela vida, e à vida (tem que) responder" (Frankl, 1982, p. 72; em português: Frankl, 1986, p. 96). Ao responder às "questões vitais" existentes, ao executar as tarefas e ao realizar valores vivências, nós os responsabilizamos perante a vida. A responsabilidade está no responder conscienciosamente às questões do sentido.

Com isso, e também pelas exposições neste livro, já está respondido para que o homem é responsável: para a realização do sentido, que é dado pelas possibilidades de valor em cada situação.

E perante quem o homem é responsável? Diante de qual instância ele tem responsabilidade? "Contudo, quem pode responder esta questão pelo outro? Não tem finalmente cada um que decidir por si esta última questão?" (Frankl). Então não haverá resposta? — É possível mostrar a direção da resposta, da mesma forma que o foi possível por ocasião da pergunta "para quê" o homem seria responsável. Afinal, também não foi dito o que seria concretamente o sentido, pois este depende da situação da pessoa, e não pode ser determinado por outro. Por isso, a resposta precisa limitar-se a indicar como este sentido pode ser encontrado.

Diante de que, em princípio, seria o homem responsável? Ele é responsável perante o valor mais elevado que conhece em sua vida. Para uma pessoa, este pode ser o valor que ela própria é, ou seja, sua consciência. Uma outra pode se sentir responsável perante uma pessoa amada, diante da qual quer se mostrar como sendo digna. Para uma terceira pessoa, é o seu Deus a quem quer mostrar bons resultados. Assim, generalizando, podemos dizer que somos responsáveis diante daquilo que a nossa consciência percebe.

A responsabilidade é a minha resposta ao respectivo sentido, uma resposta que esteja em ressonância com meu valor mais elevado. Assim, a responsabilidade nada tem a ver com exercícios obrigatórios que uma outra pessoa possa exigir de mim. Responsabilidade é um conceito de liberdade. Portanto, não pode ser confundida com prescrições e leis.

A responsabilidade é a expressão de minha ligação com uma pessoa, com uma idéia ou com uma causa. A responsabilidade é um conceito de relação! A extensão em que assumo responsabilidade, ao investir nela meu tempo, esforço e preocupação, demonstra qual o valor que atribuo ao objeto de minha responsabilidade.

Ser responsável significa dedicar-se. Querer dedicar-se e empenhar-se por algo é assumir uma obrigação voluntariamente. Ser responsável por algo significa amá-lo, na consciência de, com isso, estar vivendo no sentido de meu valor mais elevado. Responsabilidade significa engajamento pelos meus valores.

Na ação responsável, culmina a independência da pessoa, ao conduzir a liberdade ao seu sentido. Pois a vida sem responsabilidade é como se fosse "uma vida não vivida", é uma vida presenciada, mas não vivida.

Há pessoas que receiam assumir uma responsabilidade autônoma. Têm medo, pois muitas vezes nela vêem uma coerção, uma instância diante da qual deveriam renunciar à sua liberdade e poderiam perder seus objetos de estima. Ao falar com estas pessoas, é preciso abordar o assunto da responsabilidade com muito tato, sem querer impor-lhes qualquer responsabilidade, pois esta é fruto da liberdade pessoal.

Justamente por terem sido coagidas, essas pessoas têm, às vezes, um temor de assumir sua responsabilidade e sua própria vida. Por isso, é tão importante saber que a responsabilidade dificilmente pode ser ensinada através de punição ou ameaça. É preciso que nos sintamos "puxados" pela responsabilidade. Para poder assumir responsabilidades, há necessidade de duas condições.

É preciso vê-la e reconhecê-la em sua vida e é preciso que se tenha tido prática em assumir responsabilidades para estar a altura dela. É importante despertar a consciência da responsabilidade, fruto da liberdade. Não pode ser de forma impositiva, acusatória, mas questioná-los, ajudá-los a refletir, a desejar, a dar passos.

FONTE BIBLIOGRÁFICA
"VIVER COM SENTIDO" - Alfred Langle



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Escola de Formação Shalom
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Vazio Existêncial

O vazio existencial O vazio existencial é um fenômeno muito difundido no século XXI. Isto é compreensível; pode ser atribuído a uma dupla perda sofrida pelo ser humano desde que se tornou um ser verdadeiramente humano. No início da história, o homem foi perdendo alguns dos instintos animais básicos que regulam o comportamento do animal e asseguram sua existência. Tal segurança, assim como o paraíso, está cerrada ao ser humano para todo o sempre. Ele precisa fazer opções. Acresce-se ainda que o ser humano sofreu mais outra perda em seu desenvolvimento mais recente. As tradições, que serviam de apoio para seu comportamento, atualmente vêm diminuindo com grande rapidez. Nenhum instinto lhe diz o que deve fazer e não há tradição que lhe diga o que ele deveria fazer; às vezes ele não sabe sequer o que deseja fazer. Em vez disso, ele deseja fazer o que os outros fazem (conformismo), ou ele faz o que outras pessoas querem que ele faça (totalitarismo).

O vácuo existencial se manifesta principalmente num estado de tédio. Agora podemos entender por que Schopenhauer disse que, aparentemente, a humanidade estava fadada a oscilar eternamente entre os dois extremos de angústia e tédio. É concreto que atualmente o tédio está causando e certamente trazendo aos psiquiatras mais problemas de que o faz a angústia. E estes problemas estão se tornando cada vez mais agudos, uma vez que o crescente processo de automação provavelmente conduzirá a um aumento enorme nas horas de lazer do trabalhador médio. Lastimável é que muitos deles não saberão o que fazer com seu tempo livre.

Pensemos, por exemplo, na "neurose dominical", aquela espécie de depressão que acomete pessoas que se dão conta da falta de conteúdo de suas vidas quando passa o corre-corre da semana atarefada e o vazio dentro delas se torna manifesto. Não são poucos os casos de suicídio que podem ser atribuídos a este vazio existencial. Fenômenos tão difundidos como depressão, agressão e vício não podem ser entendidos se não reconhecermos o vazio existencial subjacente a eles. O mesmo é válido também para crises de aposentados e idosos.

Existem ainda diversas máscaras e disfarces sob os quais transparece o vazio existencial. Às vezes a vontade de sentido frustrada é vicariamente compensada por uma vontade de poder, incluindo a sua mais primitiva forma, que é a vontade de dinheiro. Em outros casos, o lugar da vontade de sentido frustrada é tomado pela vontade de prazer. É por isso que muitas vezes a frustração existencial acaba em compensação sexual. Podemos observar nestes casos que a libido sexual assume proporções descabidas no vácuo existencial.

Viktor Frankl
quinta 25 fevereiro 2010 20:18
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As primeiras sociedades

Victor Frankl

espiritual da existência.

Índice [esconder]
1 Dados biográficos
1.1 Juventude
1.2 Segunda Guerra Mundial
1.3 Maturidade
2 Panorama de sua obra
3 Trabalhos publicados
4 Referências bibliográficas
5 Veja
6 Ligações externas


[editar] Dados biográficos[editar] JuventudeNo início da década de 1920, quando tinha quinze anos de idade, Frankl passou a se corresponder com Sigmund Freud. Em 1921, deu sua primeira conferência, sobre o tema A respeito do sentido da vida. A seguir, Frankl torna-se membro ativo de organizações de trabalhadores socialistas jovens.

Em 1925, como estudante de medicina, Frankl encontra-se pessoalmente com Freud e se aproxima do círculo intelectual liderado por Alfred Adler. No ano seguinte, ele é excluído da Association de Psychologie Individuelle, em razão de suas divergências com Adler.

De 1933 a 1936, Frankl é diretor do pavilhão das mulheres suicidas do hospital psiquiátrico de Viena. Quando os nazistas tomam o poder na Áustria, Frankl, correndo risco de perder a vida, sabota as ordens que recebera de proceder à eutanásia de doentes mentais sob seus cuidados.

[editar] Segunda Guerra MundialEm setembro de 1942, Viktor, mulher grávida e família, porque judeus, são deportados para diferentes campos de concentração, tendo ele recebido a tatuagem de prisioneiro nº 119.104.

Libertado somente ao fim da guerra, Frankl toma conhecimento de que sua mulher morreu de esgotamento simultaneamente à liberação do campo de Bergen-Belsen. Perdeu além dela, seus pais e irmão no Holocausto nazista.

Esta indelével experiência pessoal será marcante em sua obra terapêutica e em seus escritos, tendo sido capaz de manter, em tal situação desumanizadora, a capacidade de manter a liberdade do espírito.

[editar] MaturidadeNos 25 anos subseqüentes à guerra, Frankl será o diretor da policlínica de neurologia de Viena.

Em 1948, obtém seu doutorado em filosofia com o tema: "O Deus inconsciente". Em 1955, torna-se professor de neurologia da Universidade de Viena.

Em 1970, em San Diego, Califórnia (em cuja universidade federal passara a lecionar), é fundado o primeiro instituto de logoterapia do mundo.

Foi nos Estados Unidos - país em que também lecionou como professor visitante nas Universidades de Harvard, Dallas e Pittsburgh - que a figura de Frankl atingiu notoriedade mundial, a despeito de suas teses contrariarem as correntes psicanalíticas tradicionais e dominantes.

Ao longo de sua vida, os livros de Viktor Frankl serão traduzidos em mais de 30 idiomas.

Frankl recebeu o título de doutor honoris causa de diversas instituições de ensino do mundo inteiro, inclusive da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no Brasil.

Como conferencista, Frankl visitou muitos países ao longo de sua vida, tendo passado pelo Brasil em 1984 (Porto Alegre), 1986 (Rio de Janeiro) e 1987 (Brasília).

Atualmente, institutos, centros de estudos e associações de logoterapia podem ser encontrados em mais de 30 países.

[editar] Panorama de sua obraA obra de Frankl é relativamente pouco conhecida nos países de língua portuguesa e é comumente ignorada pelas principais correntes da psicanálise (como Sigmund Freud, Carl Gustav Jung, Alfred Adler e Jacques Lacan).

De uma forma prática e simples assim diferenciava a Psicanálise da Logoterapia: Na psicanálise, o paciente tem de deitar-se num divã e contar coisas que, às vezes, são muito desagradáveis de serem contadas. Pois na logoterapia o paciente pode ficar sentado normalmente, mas tem de ouvir coisas que, às vezes, são muito desagradáveis de serem ouvidas.(in Sede Sentido, São Paulo: Quadrante, 1999).

O fundador da Logoterapia (também chamada de "Terceira Escola Vienense da Psiquiatria"), adotou um certo distanciamento de Freud no que se refere à etiologia sexual das neuroses e também no que se refere à religião. Frankl considera que a neurose individual poderia ser, em alguns casos, a expressão da recusa da religião.

Segundo Frankl, existiria no ser humano um desejo e uma vontade de "sentido". Ele percebe que seus pacientes não sofrem exclusivamente de frustrações sexuais (Freud) ou de complexos como o de inferioridade (Adler), mas também do que reputa ser o vazio existencial.

Para o analista, a neurose revelaria antes de mais nada um ser frustrado de sentido, o que o levou a concluir que a exigência fundamental do homem não é nem a emancipação sexual, nem a valorização do self, mas a "plenitude de sentido". Segundo Frankl, a compensação sexual não seria nada além de um Ersatz para com a falta de sentido existencial. Por isso, conclui, o terapeuta não pode negligenciar a espiritualidade do analisado e a logoterapia passa a estar centrada no inconsciente espiritual, mais do que nas pulsões.

Em "O Deus inconsciente", Frankl repudia a psicanálise tradicional, declarando que "Degradando o 'eu' em simples epifenômeno, Freud, por assim dizer, traiu o 'eu' em favor do 'isso'; mas ao mesmo tempo ele, por assim dizer, insultou o inconsciente, vendo nele nada além do que é do 'isso' - o instintivo - deixando escapar aquilo que é do 'eu' - o espiritual".

Para o autor, haveria um hiato ontológico entre o instinto e o espírito. Ele considera o homem uma totalidade trinária e tridimensional, a saber: físico-físico-espiritual. Segundo Frankl, Freud teria negligenciado a terceira dimensão.

No seu livro A Busca do Homem por Sentido (publicado pela primeira vez em 1946), Frankl relata suas experiências como interno de campo de concentração, descrevendo seu método psicoterapêutico para encontrar sentido em todas as formas de existência (mesmo as mais sórdidas) e, daí, uma razão para continuar vivendo. Em suas próprias palavras "O homem, por força de sua dimensão espiritual, pode encontrar sentido em cada situação da vida e dar-lhe uma resposta adequada.

Em Viena, em 1983, no Prefácio que faz da sua obra Em Busca de Sentido, à edição de 1984, Frankl, afirma: ...o Pós-escrito de 1984 a este livro é intitulado "A Tese do Otimismo Trágico". O capítulo se refere a preocupações dos dias de hoje e como é possível dizer sim à vida apesar de todos os aspectos trágicos da existência humana. Espera-se que um certo "otimismo" com relação ao nosso futuro possa fluir das lições retiradas do nosso "trágico" passado..

Sua filosofia é fundamentalmente otimista e baseada na crença - fruto de sua experiência pessoal - de que o fim último da existência humana tem uma meta fora do próprio indivíduo, fim este que lhe dá o sentido da própria existência.


Visão do campo de concentração de Auschwitz no inverno, onde Viktor Frankl foi aprisionado pelos nazistasOutras citações úteis para a compreensão de seu pensamento podem ser invocadas, como no Prefácio que faz da Edição de 1984 à sua obra Em Busca de Sentido: Não procurem o sucesso. Quanto mais o procurarem e o transformarem num alvo, mais vocês vão errar. Porque o sucesso, como a felicidade, não pode ser perseguido; ele deve acontecer, e só tem lugar como efeito colateral de uma dedicação pessoal a uma causa maior que a pessoa, ou como subproduto da rendição pessoal a outro ser.

E ainda, no mesmo prefácio da edição de 1984 de Em Busca de Sentido: Quero que vocês escutem o que sua consciência diz que devem fazer e coloquem-no em prática da melhor maneira possível. E então voces verão que a longo prazo - estou dizendo a longo prazo! - o sucesso vai perseguí-los, precisamente porque voces esqueceram de pensar nele.

Finalmente: Nós que vivemos nos campos de concentração podemos lembrar de homens que andavam pelos alojamentos confortando a outros, dando o seu último pedaço de pão. Eles devem ter sido poucos em número, mas ofereceram prova suficiente que tudo pode ser tirado do homem, menos uma coisa: a última das liberdades humanas - escolher sua atitude em qualquer circunstância, escolher o próprio caminho.

Por essa e outras razões, Viktor Frankl é uma das figuras-chave da terapia existencial ou existencialista. Sua vida e obra é, para certos analistas, uma sequência de atos e fatos que se desencadeiam em um testemunho inquestionável do poder desafiador do espirito. Para Frankl, a "busca de sentido" é uma exata e precisa definição da natureza humana.

Em sua obra, Frankl não recomenda nenhuma religião ou confissão constituída, muito menos alguma Igreja em especial. A todo tempo ele remete o leitor às suas próprias preferências e escolhas. Alguns analistas entendem que um maior estudo da obra de Viktor Frankl seria capaz de ajudar a psicanálise a se libertar de dogmas problemáticos para a sua coerência.

Victor FranklCONCEITOS FUNDAMENTAIS DA LOGOTERAPIA

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA LOGOTERAPIA



Por Alexandre J. Denstone.



I) Conceitos Fundamentais

A definição de logoterapia, segundo Viktor Frankl, vem do seu próprio nome. Logos significa em grego "sentido". Portanto logoterapia significa "cuidar do sentido". Sentido como significado, meta ou finalidade, sendo esta a principal força motivadora no ser humano. Assim, a logoterapia se baseia no confronto do paciente com o sentido de sua vida e o reorienta para o mesmo.

Nossas projeções das dimensões biológicas, psicológicas e sociais se expressam em uma dimensão espiritual que se totaliza na nossa existência. Essa dimensão, na logoterapia, também é chamada de "noética". É somente nessa dimensão que o indivíduo pode sair de suas condicionalidades e visualizar o seu sentido.

A Vontade de Sentido

A busca do da pessoa por um sentido é a motivação primária em sua vida. Esta busca não é algo aprendido, condicionado ou objeto de sua consciência. Ela está na pessoa como mola impulsionadora de sua existência. O sentido é único e específico para cada um e deve ser vivido somente por aquele indivíduo.

Os seus princípios morais nada mais são do que a concretização da sua decisão de aceitar e seguir o sentido que os contém.

Frustração Existencial e Neuroses Noogênicas

Existem pessoas que ainda não encontraram o sentido em suas vidas porque não conseguiram ser autores de suas próprias decisões, assumindo o sentido de outras pessoas ou deixando que elas definam qual o sentido para as suas vidas. Existem também as que tiveram a sua vontade de sentido frustrada. Elas são afligidas por um estado que se chama "frustação existencial".

Esta frustação pode culminar em uma espécie de neurose. Para esse tipo de neuroses Viktor Frankl criou o termo "neurose noogênica".

As neuroses noogênicas ou noógenas são sempre de cunho espiritual e se baseiam em conflitos da sua existencia onde as frustações existenciais desempenham um papel central.

Noodinâmica

A noodinâmica é a tensão interna existente entre o que uma pessoa é e aquilo que ela deveria ser de acordo com a sua realidade, seus valores e o seu sentido de vida. A logoterapia afirma que o "estado noodinâmico" ou o estado entre aquilo que se é e aquilo que se deveria ser, é o mais adequado à normalidade do homem.

Neste sentido, quando o indivíduo se encontra em uma situação adversa e estabelece uma meta para sair de onde está, o estado normal de tensão noodinâmica o equilibra e o auxilia para que ele supere os seus obstáculos, desde que aceite o desafio de seguir em frente sem o receio do fracasso.

Vazio Existencial

O vazio existencial se verifica quando as pessoas não encontraram o sentido para as suas vidas. Este vazio se manifesta principalmente num estado de tédio. Quando as pessoas se deixam dominar pela rotina do dia a dia, quando se alimentam intelectualmente pela multidão de informações superficiais que a mídia nos empurra diariamente e quando não dispomos de tempo para o lazer mental não nos apercebemos que necessitamos de um sentido para viver.

A bovinidade do vazio existencial transparece sob as mais diversas máscaras como forma compensadora: o conformismo, a submissão e as obcessões por poder, dinheiro ou sexo.

O Sentido da Vida

Como já está exposto aqui antes, o sentido da vida é único e caracteristico de cada pessoa. As pecularidades de cada indivíduo e as particularidades da vida de cada um, principalmente de seus valores, é que vão definir o sentido da vida. Segundo Viktor Frankl, "não é o que a vida pode lhe proporcionar, mas o que você pode fazer pela vida", ou seja, temos a responsabilidade de encontrar em si o que dar à vida. De acordo com a logoterapia podemos verficar que o sentido da vida se dá em três diferentes formas:

criando ou trabalhando ou praticando um ato;
experimentando algo ou encontrando alguém; e
pela atitude que tomamos em relação ao sofrimento inevitável.
A Essência da Existência

A logoterapia afirma que o fim da vida não é a auto-realização, mas a autotranscendência. Porque quanto mais se tenta chegar a esta mais à auto-realização, mais distante esta se torna. A auto-realização não é um fim em si mesma, mas um caminho a ser trilhado em direção ao sentido a realizar ou a outro ser humano a encontrar. Ou seja, a auto-realização é conseqüência da autotranscendência.

O Sentido do Amor

O encontro com o outro somente se dá quando temos abertura para aceitá-lo da meneira que ele realmente é. Ninguém consegue ter plena abertura para conhecer outro ser humano se não amá-lo. Além disso somente o amor o torna capaz de conscientizar o ser amado daquilo que ela pode e deveria vir a ser.

O Sentido do Sofrimento

Durante a nossa vida nos encontramos em situações nos quais o sofrimento é inevitável, em que não há mais esperança ou diante de uma fatalidade que não pode ser mudada. Quando o absurdo do mundo nos atinge e já não somos mais capazes de alterar a situação, tomamos consciência que só nos resta mudar a nós mesmos, enfrentando o sofrimento com dignidade e coragem.

O Supra-Sentido

Segundo a logoterapia a vida tem um supra-sentido que excede e ultrapassa toda e qualquer compreensão intelectual do ser humano. Esse supra-sentido pode ser bem exemplificado na fé religiosa, onde as pessoas confiam naquilo que não veem ou compreendem e esperam por um futuro do qual não tem provas que possa existir. Esse princípio, muitas vezes, impulsionam e dão forças às pessoas para superar as adversidades.

A Transitoriedade da Vida

A nossa finitude, principalmente a iminente, tende a tirar o nosso sentido da vida. Para superar o sentimento de transitoriedade a logoterapia valoriza a historicidade manifesta no passado do indivíduo. Tudo o que ele viveu e foi não se separam dele, pelo contrário, fazem parte e preenchem a sua vida. Então, se a pessoa perceber que não perdeu nada do que passou, que conseguiu viver toda a sua vida com plenitude, mesmo diante de grandes adversidades, ele estará estruturando a sua personalidade para que ao envelhecer sinta orgulho de si próprio.



II) Técnicas Logoterápicas

Na logoterapia o indivíduo somente consegue enxergar as suas frustações e neuroses quando ele se distancia da situação em que está inserido, e sair da angústia do vazio existêncial a partir da autotranscendência. As técnicas logoterápicas se baseiam na decisão racional de antagonizar com o seu condicionamento psiconoético.



a ) Intenção Paradoxal

Esta técnica baseia-se no fato de que o medo produz aquilo que temos medo, ou seja, a ansiedade antecipatória. Na intensão paradoxal o psicoterapêuta induz o paciente que sofre de fobia a intencionar precisamente aquilo que teme, mesmo que seja somente por breves instantes. Com a inversão da atitude do paciente o seu temor é substituído pelo "desejo paradoxal", diminuindo-se a ansiedade gerada em torno da situação. Dessa maneira o indivíduo está capacitado a colocar-se numa posição distanciada de sua própria neurose.

b) Desreflexão

Já a desreflexão se baseia no fato de que a intensão excessiva impossibilita aquilo que desejamos. Isso acontece por que nosso foco de atenção geralmente se volta para a tarefa que vamos realizar e não para o objetivo em si. Podemos tomar como exemplo os distúrbios do sono. O medo da insônia e, consequentemente, não poder descansar numa boa noite de sono resulta numa hiper-intensão de pegar no sono, o que, por conseguinte, impede o indivíduo de consegui-lo. Uma vez que a pessoa consegue refocar a sua intensão e atenção no ato do prazer de descansar com uma noite de sono e não no ato de dormir para poder consegui-lo, este acontece.